A GALIZA COMO TAREFA –Portas que se abrem- por Ernesto V. Sousa

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Espírito prático e prodigioso trabalhador uma vez empreendia um caminho, Valentim Paz-Andrade, deixou em ensaio, publicado em 1959 em castelhano pelo Centro galego de Buenos Aires, e com capa do genial Luís Seoane, uma descrição da Galiza e um projeto para o futuro.

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“Galicia como tarea”.- Buenos Aires : Ediciones Galicia del Centro Gallego de Buenos Aires, [1959]
Advogado, jornalista, político, ensaísta, poeta, empresário, colaborador e mecenas de diversas plataformas e iniciativas, Paz-Andrade (Ponte-Vedra (Galiza)23 de abril de 1898 – Vigo 19 de maio de 1987) foi uma das figuras referentes da ideia galeguista e uma das pessoalidades mais importantes da Galiza empresarial do século XX. Em 2012 foi homenageado no Dia das letras galegas.

Na obra que referenciamos, e na maior parte do seu discurso faz análise detalhada e exaltação, da força, potência e possibilidades, dos recursos, caráter e condições demográficas, culturais, geográficas, territoriais, e económicas dos galegos, das suas redes e da Galiza como espaço geográfico cultural.

Reconhecido precursor do reintegracionismo e da ideia do Acordo Ortográfico – foi mesmo o vice‐presidente da Comissão para a Integração da Língua da Galiza no Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro (1986) – significativamente, enxergou pioneiro a realidade mundial dos galegos e a necessidade e oportunidade da Galiza integrar o mundo de fala portuguesa.

Foi por isso que em 2012, entre as ideias de memória e as homenagens, um coletivo diverso de base reintegracionista, decidiu elaborar uma Proposta de Iniciativa legislativa popular, com o seu nome e ideias.

Esta movimentação social, apoiada por 17.000 assinaturas, logrou que o 11 de março de 2014 o Parlamento Galego admitisse a trâmite, por rara unanimidade, uma iniciativa legislativa popular, que tomou a forma definitiva da Lei 1/2014 de 8 de abril, Lei Paz-Andrade, para o Aproveitamento da Língua Portuguesa e Vínculos com a Lusofonia.

A lei considera a aprendizagem da língua portuguesa no ensino formal, o relacionamento institucional preferente entre a Galiza e os países de língua Portuguesa e a recepção na Galiza dos mass media portugueses.

Abre esta lei, como porta, nova etapa em que discursos, experiência, caminhos e a sonhada integração dos galegos no espaço lusófono são recolhidos e legitimados institucional e politicamente.

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