CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – PORTUGAL AINDA É DOS PORTUGUESES E O MUNDO DOS POVOS?! -por Mário de Oliveira

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Andam quantos se dizem de esquerda no país – o mesmo se passa nos demais países do mundo – a clamar contra a privatização/venda da TAP. Até parece que Portugal ainda é dos portugueses e que o planeta Terra ainda é dos povos das nações que nele nascem, crescem, morrem, sem nunca se aperceberem que nada é deles, tudo é do Mercado, do poder financeiro, o único dono/patrão do mundo. O cristianismo anda a dizê-lo, à boca cheia, sem que nenhum dos múltiplos povos da Terra se mostre indignado, proteste. Pelo contrário, todos acham natural e mostam, até, orgulho em ter um dono/patrão a mandar neles, ao qual juram fidelidade, obediência, reverência, gratidão. A conhecida proclamação, Cristo-rei do universo, a pedra-base do cristianismo imperial, hoje, mais laico do que religioso, não pode ser mais clara. Todos os líderes das igrejas/religiões, dirigentes do poder político, do poder económico-financeiro – as elites mundiais dos privilégios – mais não são do que sacerdotes/intermediários, com poder delegado por ele, para controlar, dominar, roubar, matar, destruir os seres humanos, os povos que ousem rebelar-se contra o único dono/patrão do mundo, a fim de serem autónomos, sujeitos dos próprios destinos, em fecunda relação maiêutica uns com os outros, o planeta Terra, o universo. Vai daí, todos nascemos, crescemos, morremos súbditos. Aprendemos a obedecer, a respeitar as elites dos privilégios. Chegamos até a dizer, “Tem de haver alguém, alguma coisa, que nos domine”. Pois bem. Ou somos seres humanos, povos, a crescer de dentro para fora em ser e liberdade, autonomia e entrega maiêutica uns aos outros, num mundo-comensalidade, ou não passamos de escravos que se orgulham do seu dono/patrão, o Cristo-rei do universo, hoje, o Deus-Dinheiro, encarnado nas elites dos privilégios. Como, de resto, reza um dos Cantos-Poema do meu mais recente Livro, “Neste mundo do Mercado / tudo é dele nada é nosso / o amor reduz-se a sexo / os povos a pele e osso / Os povos a pele e osso / sem comida e sem abrigo / correm p’rás deusas e deuses / com medo de mais castigo”.

Eis!

 

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