EDITORIAL – NÃO HÁ RAPAZES BONS

Imagem2Na Grécia prevaleceu a vontade da turba contra o «bom senso» da aristocracia grega e europeia. Os aristocratas que de nariz empinado,  em inglês, em alemão, em francês, em castelhano, em português, acusam os gregos de, com o seu OXI, porem em perigo a «unidade europeia», esquecem – por ignorância e cupidez – que a grande riqueza da Europa está na diversidade. Até os Estados Unidos, ao prevalecer a «bondade» nortista sobre a «maldade» sulista, ficaram culturalmente mais pobres em conjunto do que eram quando separados. A vitória do Não, é uma luz de esperança que se acende na escuridão neo-liberal. Um clarão de maldade no manto diáfano da bondade…

A teoria clássica da democracia, assente na herança grega, baseia-se no pressuposto de que o poder reside no povo e que este tem o direito e o dever de o exercer. O grego Platão foi o primeiro teórico a sistematizar as diversas formas que pode revestir a Cidade-Estado: Monarquia – governo de um só homem bom: Tirania (governo de um só homem mau – perversão da Monarquia); Aristocracia, governo de vários homens bons – Oligarquia (distorção de Aristocracia, um grupo de homens maus partilhando o poder); finalmente, surge a Democracia – governo de muitos homens, ou seja, do povo; para esta forma de governação, não encontrou perversão ou distorção, visto que muitos homens, formam uma «Turba», e o conceito de Democracia inclui já, a par da sua forma correcta – um bom, governo do povo, a forma perversa – a barafunda e o caos – a «Turba». Como se percebe, a ingenuidade de Platão está no facto de acreditar na existência de homens bons e de homens maus. O Padre Américo bem disse que «não há rapazes maus». A bondade e a maldade dos rapazes depende das lentes com que são avaliados. Diga-se que ‘rapaz’ é palavra portuguesa que vem do latim rapace, ou seja, «ladrão, arrebanhador, que se apossa de». Talvez o Padre Américo tivesse acertado mais se afirmasse «que não há rapazes bons».Prova-se que de Platão a Marx, o problema foi o de saber quem deve governar. Platão respondeu ingenuamente à sua própria questão – devem governar os melhores – os Aristocratas, os homens bons, mas nunca a Demos, a Turba, a balbúrdia – saneamentos selvagens, manifes a toda a hora, assembleias populares por tudo e por nada, casas sim, barracas não… O sistema bipartidário prevalecente na democracia representativa é uma defesa contra a Turba.

 Os homens bons – Aníbal Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho, Marco António Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, Paulo Portas… são os actuais timoneiros da jangada, que entre escolhos e redemoinhos, de enseada amena em ancoradouro seguro nos conduz ao naufrágio final. A não ser que a turba

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