CRIANÇAS NOS INFANTÁRIOS: COMO SE GASTA O TEMPO ( DENTRO E FORA DO EDIFÍCIO) por clara castilho

Deixam-se as crianças no jardim de infância. Como é utilizado o tempo que lá passam? Foi isto que Aida Figueiredo, do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro, esteve a estudar, para realizar o seu doutoramento. Queria saber qual era a interação das crianças com os espaços exteriores das creches e jardins-de-infância. E os resultados não foram animadores…

Cconcluiu que as crianças passam pouco tempo nos espaços exteriores dos jardins-de-infância e com pouca atividade motora. Nessas actividades não se promove o desafio, a exploração, a autonomia e a liberdade, aspetos que considera importantes no desenvolvimento da autoconfiança e do bem-estar emocional entre os mais novos.

IMG_2644

No resumo do trabalho, apresentado no Repositório Institucional da Universidade de Aveiro, Departamento de Educação -, pode ler-se:

“O estudo tem como quadro conceptual a Teoria da Perceção Ecológica de Gibson e a Abordagem Experiencial de Laevers, … ] decorreu em III fases distintas, mas interligadas.

Na fase I foi constituída uma amostra com 19 grupos de crianças e respetivos educadores, a exercerem funções em quatro jardins de infância, situados nas cidades de Coimbra e de Aveiro. A recolha de dados desta fase foi realizada através do preenchimento de uma grelha, pelos educadores, de fevereiro a maio de 2011, em cada saída ao exterior.

Paralelamente foram selecionadas 16 crianças, quatro em cada jardim de infância, com idades compreendidas entre os 4 anos e os 4 anos e 12 meses, tendo-se realizado observações das suas interações com os espaços exteriores, de fevereiro a maio de 2011, registadas em vídeo e mapas de comportamento (Fases II e III).

Na análise dos dados recorreu-se a metodologia com enfoque quantitativo e qualitativo. Foram, igualmente utilizados mapas de comportamento para a Fase III. Os dados das Fases II e III foram codificados em cinco sistemas categoriais de análise: Comportamento Social, Tipo de Jogo, Atividade Física, Materiais e Equipamentos e Implicação.

Os resultados indicam que as crianças permanecem pouco tempo nos espaços exteriores e com condições climatéricas favoráveis – temperatura moderada e ausência de chuva.

Relativamente à implicação, os resultados evidenciam níveis baixos de implicação, sendo mais elevados em espaços com elementos da natureza. Quanto às restantes categorias analisadas, as interações sociais paralelas e associativas são as mais frequentes, sendo as últimas promovidas essencialmente em espaços naturais. O tipo de jogo que emerge em maior número é o funcional, embora os níveis de atividade física das crianças sejam preocupantes, sendo as ações motoras mais observadas “estar de pé” e “andar”.”

O estudo teve a orientação do Prof. Doutor Carlos Neto, da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa.

 

Leave a Reply