(1950 – )
Um café na Internet
Apenas do amor quero tão alto preço
do mais pouco ou quase nada peço
dias há em que o verso pede rima
como este a querer o que estima
e que não direi; pois que a vida
se se sente desordenada
ou em ardor que começa e finda
imprevisível em cada coisa e nada
ninguém assim o determina.
Apenas de quando em quando vestígios
por entre duas cidades, dois rios
um a norte, outro a sul que te imagina
ou balouça ou adormenta se o penso
querer dizer aqui o que não posso
In Tumulto, 2003, & etc.
Luís Adriano Carlos, sobre a obra de Helga Moreira, em Poesia Digital, 7 poetas dos anos 80, escreveu: … num eco de Irene Lisboa, distingue-se no panorama da literatura de autoria feminina do século XX não só pelo culto do corpo e pelo canto de um amor sem recompensa, mas sobretudo pela peculiar leveza sincopada do seu erotismo magoadamente intelectualizado, que se integra numa consciência poética em que a imagem retórica detém um poder fotográfico de fixação e preservação de tudo quanto se perde na trágica precariedade do tempo humano..