Haja Justiça – Parte I

Selecção, tradução e introdução por Júlio Marques Mota

Nota introdutória

Por Júlio Marques Mota

Simplesmente procura-se para Portugal um juiz como Michael Davis dos Estados Unidos, procuram-se  procuradores como Tracy Perzel, como David MacLaughlin. Haveria prisões suficientes  em Portugal? Ficaríamos com gente para nos governar destes que agora estão no poder?  Os nossos impostos seriam suficientes para lhes pagar as custas de estarem na prisão? Face à crise que atravessamos, face às respostas erradas  e criminosas que os governos dão, face à certeza de que quem tudo tem de pagar são os que nada contribuíram para a crise que atravessamos, só nos resta de imediato uma conclusão: justiça não há e é urgente, muito urgente, para bem de todos nós e da civilização, que esta imediatamente seja criada. Como? É a  pergunta que  aqui  vos deixo.

Estilhaços de Wall Street

  1. Os empregados do  corretor MF Global de produtos derivados são despedidos

É o primeiro grupo de Wall Street que é vítima da crise da dívida Europeia. Na segunda-feira, 31 de Outubro, a empresa MF Global apresentava o seu pedido de declaração de falência , na  sexta-feira seguinte os cerca de 1.000  empregados  foram despedidos e com efeito imediato. O síndico encarregado   da liquidação do corretor americano acrescentou que o grupo   se encaminhava para um desmantelamento rápido.

MF Global, que era um dos  maiores  corretores de produtos derivados no mundo, apresentou o seu pedido de declaração de falência depois de revelar uma exposição de mais de 6 mil milhões de dólares em dívida pública na zona euro, sendo mais da metade em divida da Itália. A queda da empresa representa a oitava maior falência nos Estados Unidos desde 1980.

UMA EQUIPA REDUZIDA PARA LIQUIDAR O CORRETOR

Entre 150 e 200 antigos  empregados do grupo estão  paralelamente  em vias de voltarem a estarem empregados: devem fornecer assistência ao desmantelamento das actividades da sociedade e  ao  tratamento das  queixas e reclamações saídas da declaração de falência. “Escritórios mais pequenos  e menos caros serão alugados” para acomodar a equipa “reduzida” de pessoal responsável pela  liquidação da corretora, é o que se diz num comunicado distribuído à imprensa em que se afirma: “o liquidatário  estudou as formas pela qual pode  imediatamente esvaziar  os  escritórios da MF Global em Nova York, que será encerrado  logo que possível.” E, por fim, os escritórios de Chicago permanecerão alugados por um tempo indeterminado  ainda que seja curto, a fim  de desmantelar as actividades em curso .

“O corretor deixa de ter qualquer actividade e não será reorganizado, de acordo com a ordem judicial para a liquidação de  MF Global, sublinha igualmente o responsável pela liquidação. As contas e as  posições de cerca de 17 mil clientes e de  cerca de 1,50  mil milhões de dólares em  fundos que se encontravam nas suas  contas foram transferidos para outros corretores  de futuros  sobre  matérias-primas. .

A apresentação da situação de falência   marca  o falhanço da estratégia de MF Global  e do seu Presidente , Jon Corzine.   Antigo  presidente da Goldman Sachs e antigo  governador democrata do estado de Nova Jersey   de  2006 a 2010, tinha assumido  em Março de 2010 as rédeas da empresa, antiga filial  do grupo britânico Main Group.  O homem estava decidido  a transformar a actividade de corretor num verdadeiro  banco de investimento , mesmo se para isso tenha que se envolver em apostas de elevado risco nos  mercados.

  Le Monde, Novembro de 2011.

(continua)

Leave a Reply