MENINOS NA ESCOLA PELA 1ª VEZ por clara castilho

Começou o novo ano lectivo. Para muitas crianças pela primeira vez. A expectativa de irem para o primeiro ano é grande. Muitos pais ameaçam: “agora é que vais ver!”,  “acabou-se a brincadeira!”, “agora é que vai ser a sério!”. A noção de responsabilidade assusta um pouco as crianças. E, para muitas, vai ser mesmo difícil: turmas com um número maior de alunos, burocracia cada vez maior, escolas ainda sem professores…

Só ouço pais a reclamarem, professores sem colocação, coordenadoras desesperadas, a terem que cumprir a regra de iniciar o ano dentro do limite imposto pelo Ministério, com falta da maior parte de professores. E crianças um pouco perdidas.

Deixem-me contar da Aninhas que mudou de escola, vá lá que foi com algumas amiguinhas. O que ela pensaria do que iria ser a escola onde se estuda, de como iria ser a aprendizagem? A mãe acabou por perceber que ela achava que logo nos primeiros dias ia ficar a saber ler… E contou que quando chegou a hora do “apoio escolar” (para todos os alunos) o professor mandou fazer um desenho. Passado um bocado ela perguntou-lhe: “Quando começa o apoio?”, ao que ele respondeu que já tinha acabado. E a mãe, que está atenta, conta estas coisas a rir-se, mas junta à atenção a preocupação.

O Luís, esse fartou-se de chorar, agarrou-se às saias da mãe e foi um bico de obra para ele entrar na sala de aula. Temos já aqui uma indicação de um possível problema. Esperemos que saibam dar a volta. Mas será bom a mãe poder falar com alguém sobre as suas relações com este filho. Temos acompanhado muitas crianças com dificuldades nesta separação. O Luís fica na calha para ser vítima de bullying. É preciso toda a comunidade escolar estar atenta.

Já a Sofia chegou encantada porque na escola dela há uma menina chinesa, vários pretinhos, uma que nem fala português e um cigano. Pensa que vai ser muito divertido. Para já, fez amizade, só por gestos, com a outra menina, cujo nome nem sabe pronunciar mas que baptizou de Nini. Bom prognóstico?

 Gostaria de pensar que não se irá passar isto com estas crianças…

 

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