EM COMBATE – 184 – por José Brandão

No dia 1 de Dezembro 1970 a Companhia regressa a Furancungo para um período de descanso e refrescamento. Foi durante este período, concretamente a 22 de Dezembro que foi entregue ao 2º pelotão a tarefa de ir ao encontro de uma coluna de abastecimento, fazer a sua escolta e trazê-la até ao quartel.

Uma mina não detectada foi activada pela primeira viatura  causando as duas primeira vitimas mortais à Companhia 2759 – BERNARDINO FREITAS CANDELÁRIA  e MÁRIO CELESTINO ANDRADE, e dois feridos ligeiros. Foi tempo de perceber que a guerra era feita de uma maneira traiçoeira e que o inimigo não tinha rosto, tendo esta triste situação reforçado os laços de união entre todos os elementos da companhia.

No dia 2 de Janeiro de 1971 a companhia deslocou-se para Tete onde permaneceu até ao dia 8 seguindo nesta data para Mocumbura, ao sul do Rio Zambeze (via Rodésia) tendo a viagem decorrido sem incidentes. O 3º Pelotão seguiu num avião (Dakota) Rodesiano destacado para o Magué Novo onde permaneceu até 4 de Abril de 1971, data em que se juntou à companhia em Mocumbura. Durante a sua estada no Magué Novo este GCOM efectuou inúmeros patrulhamentos, tendo tido contacto com IN na Massapa tendo feito um prisioneiro que foi deslocado para a base da COFI.

Chegados a Mocumbura, os restantes grupos de combate deram inicio à montagem do aquartelamento e de todo o equipamento necessário para a logística do dia-a-dia, dado que era a primeira vez que esta localidade iria dispor de um estacionamento de tropas  duradouro. Tanto a Companhia como o Grupo de Combate destacado, ficaram adidos operacionalmente à COFI mas, como esta deixou de actuar na zona, em Maio desse ano, a Companhia passou a ficar adida ao BCav. 3837, com sede na Chicoa.

Durante a permanência nesta localidade, a actividade da Companhia desenvolveu-se em várias vertentes: patrulhas de segurança próximas do aquartelamento, nomadizações constantes e de longa duração em locais afastados, protecção das populações locais, distribuição de alimentos, colaboração com as missões católicas e segurança e construção de aldeamentos.

Houve durante este período em que a Companhia esteve em Mocumbura vários contactos com o IN que causaram baixas dos dois lados sendo de destacar o incidente grave no dia 5 de Março, originado pelo incêndio de uma viatura – Unimog 404 – motivado pelo rebentamento de uma mina que causou quatro mortos – ANTÓNIO JOSÉ LOPES, FERNANDO PESTANA, MANUEL ROSÁRIO LAMBAZ E MANUEL ANDRADE e oito feridos graves evacuados para o hospital de Lourenço Marques e três deles posteriormente para a metrópole. Esta mina provocou grande polémica e revolta das nossas tropas, pois foi confirmado pelo 3º Pelotão que os padres da missão tinham conhecimento da sua colocação, utilizando o corta-mato no sítio onde ela estava colocada.

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