Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
Parte II
Fabius Maximus Junho de 2012
(conclusão)
(3) Como é que chegámos a uma erupção tão grande ?
Numa apresentação de Maio de 2012 Raoul Pal, editor da Global Macro investidor, descreveu alguns aspectos do vulcão.
1. O mundo não tem nenhum mecanismo para assegurar o crescimento, com a maioria dos países do G20 a aproximarem-se numa perda de velocidade em simultâneo .
2. Pela primeira vez desde a 1930, estamos a entrar numa recessão antes da produção Industrial, das encomendas de bens duráveis, do emprego e do emprego do Sector privado e da produção do sector privado terem atingido os valores antes do início da crise .
3. Estas são as mais fracas bases de sempre para quem entra em recessão .
4. Quase que não há travões no sistema para parar com esta evolução e quase ninguém percebe a gravidade da situação.
Os três primeiros pontos têm sido frequentemente reconhecidos pelo FMI e noutros lugares também. Depois de um grave acidente e de quatro anos de recuperação lenta e desigual, uma grande parte do mundo está fraco — com as suas reservas esgotadas, sem dinheiro e sem vontade igualmente. Suportar uma outra recessão será mesmo muito duro . As principais instituições podem igualmente falhar, como em 2008-09, provocando um declínio em espiral.
(4) O que é devemos fazer para nos prepararmos ?
O último ponto, o ponto 4, está ridiculamente errado. Muitos especialistas, como Paul Krugman, têm alertado para a nossa situação de perigo — e para as políticas mal orientadas que assim nos trouxeram para esta situação de ruína. Além disso, nós temos as ferramentas para lidar com esses problemas, utilizando a teoria económica já desenvolvida e testada ao longo do século passado.
Por motivos essencialmente políticos um vasto esforço tem sido feito para apagar essa história das nossas memórias, para apagar a teoria na nossa formação – e substituir todo este saber por uma forma de desamparo aprendido e assumido. Da mesma forma que durante os anos de 1930, quando os homens como Robert Taft e Andrew Mellon defenderam que se devia deixar a natureza seguir o seu curso. O caminho doloroso que supostamente levaria à prosperidade no longo prazo . Ao contrário das actuais políticas seguidas nos Estados Unidos e no Reino Unido, em que eles estimavam que levariam abertamente para a servidão (Hayek).
O Presidente Hoover escreveu em suas memórias que Mellon, como secretário do Tesouro, tinha apenas uma fórmula : liquidar o trabalho, liquidar as acções, liquidar os agricultores, e liquidar o sector imobiliário …. Isto levaria a que se fizesse a purga da podridão do sistema . O elevado custo de vida e altos níveis de bem-estar devem descer. As pessoas irão trabalhar mais, irão levar uma vida moralmente mais sã . Os valores serão ajustados, e as pessoas empreendedoras afastar-se-ão das pessoas menos competentes.
Os efeitos colaterais desta evolução – destruição da classe média, uma maior concentração de riqueza e de poder político – eram agradáveis para as pessoas que realmente importavam, os accionistas dos Estados Unidos .
Mas não precisamos de nos entregar ao medo. Este é apenas um evento económico, provavelmente não é tão ruim como o de 1928-1939 ou 1883-1896. Não é um evento físico, como um vulcão, peste ou guerra – algo que destrua as nossas casas e as nossas fábricas. Mesmo nos piores possíveis mudanças o rebentamento de uma crise na economia nada de importante muda. É apenas um evento social, o resultado de má organização. Sabedoria e coesão social podem fácil e rapidamente reparar o dano. É apenas uma questão de escolher os dirigentes certos e que sejam bons cidadãos. Solidariedade, senso comum e trabalho duro são medicamentos eficazes.
Desta forma, os eventos que se irão passar durante os próximos anos podem determinar a forma que o mundo do século 21 vai assumir. Para detalhes, veja:
- Que nações tomam decisões sábias sob grande pressão? Quem se faz asneiras e falha?
- As lições do Titanic sobre a crise económica que aí vem.
- A América é rica e poderosa porque podemos pedir emprestado. Será que esta dívida levará a uma América mais forte?
(5) Para mais informações de como viver com um vulcão ver :
• Porque é que o povo vive perto de vulcões, no site A Geografia.
• Viver com vulcões, National Geographic, Janeiro 2008.
• A abordagem de desenvolvimento sustentável para as oportunidades relacionadas com os vulcões, Ilan Kelman e Tamsin A. Mather, Journal of Volcanology and Geothermal Research, 20 de Maio de 2008.
Ver ainda os posts incluídos nas páginas de referência do Fabius Maximus.
- Crise Financeira – que está a acontecer? como irá acabar?
- Fim do post – O Regime Geopolítico da Segunda Grande Guerra Mundial