EDITORIAL: ESTE GOVERNO TEM DE CAIR!

 

Pior era impossível. Este governo constituído por pessoas sem perfil de governantes (seja qual for o ângulo a partir do qual se faça a avaliação), arrisca-se a ficar na História como o executivo mais desastrado de sempre. Os governos que duravam dias nos 16 anos que a I República durou, caíam por razões de menor importância.  O de Álvaro de Castro durou de 20 a 30 de Novembro de 1920 – 10 dias! Em 16 anos, tivemos 45 governos.

Temos defendido a ideia de que derrubar este governo para dar passagem a um António José Seguro que parece ser um clone de Passos Coelho (mas com defeito de fabrico…), começamos a compreender que esta gente tem de sair, mesmo que seja para dar lugar a outra eventualmente pior – mas pior seria impossível. Estupidez, corrupção, insensibilidade social, são elementos que provocam uma mistura explosiva. Este governo tem de cair.

As vozes críticas dentro do próprio partido do governo crescem em número e em tom. O presidente da República, que tem sido um espectador passivo (e, logo, um cúmplice) de todas as tropelias insensatas que esta gente tem cometido, vai ter de demarcar-se também. Gente cautelosa como Jorge Sampaio começa a não conseguir calar-se. Já só quem está muito comprometido fica em silêncio. Sem comparar com as ratazanas que pressentem naufrágios, há quem esteja a abandonar este barco. E depois, como Pezarat Correia fez notar na sua crónica semanal, há o risco de os militares intervirem, mas numa óptica mais próxima do 28 de Maio de 1926 do que do 25 de Abril de 1974.

Porque, como logo se disse, esta austeridade terrorista está a destruir um tecido económico já de si frágil. E quando saírem (em breve, espera-se) o mal que fizeram não vai poder ser reparado sem uma terapia de choque. Mas é preciso recuperar empresas, diminuir radicalmente o número de desempregados, restabelecer circuitos… Tudo está em ruínas e para quê?

O FMI aponta a quebra da procura externa dentro da zona euro como um factor que pode ter implicações para Portugal. A uma previsível quebra nas exportações, podem somar-se dificuldades como as que afectaram a Grécia e Espanha. No plano interno, o «ajustamento orçamental» pode «arrastar o crescimento» para além do está projectado e que o FMI considera uma projecção conservadora. A desalavancagem das empresas, que o FMI entende ainda não ter começado, será outra das consequências desastrosas destas medidas. O impacto negativo no investimento empresarial e no emprego «pode exceder as expectativas» (…) «a crescente resistência política e social às medidas de ajustamento pode ter uma reação económica adversa», criando incerteza e minando a confiança necessária para reavivar o investimento privado E o FMI termina:   as «medidas de austeridade presentes no OE2013 estão a ameaçar o amplo consenso político e social que suportaram o programa até à data». Um amplo consenso político e social? Num mar de eufemismos que demonstram que o próprio Fundo Monetário Internacional não acredita na eficácia das medidas,, estas palavras finais devem ser uma nota de humor para nos provocar o riso.

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