por Rui Oliveira
Neste Domingo 11 de Novembro não é muito amplo o leque de opções culturais, para mais quando o evento presumivelmente de maior interesse, o concerto do pianista russo Grigory Sokolov na Fundação Gulbenkian, foi cancelado por motivos de saúde.
Quem se desloque, entretanto, a mais um espectáculo do Misty Fest no Centro Cultural de Belém poderá ouvir às 21h, no seu Pequeno Auditório, um recital intitulado “Por entre as sombras do arvoredo”, verso do poeta da Mensagem.
Aí se desenvolverá a colaboração, preparada expressamente para este encontro, da cantora e compositora Amélia Muge, conhecida pela sua música inovadora a partir da tradição portuguesa (e também africana), com o pianista e compositor Filipe Raposo, de formação clássica mas que a estendeu aos horizontes do jazz, a música improvisada, à música popular e mesmo ao fado.
Ambos lançaram este ano obras novas, no caso de Amélia Muge o disco “Periplus, Deambulações luso-gregas” com Michales Loukovikas, apresentado em Fevereiro passado (com Filipe Raposo entre os acompanhantes) na Culturgest onde, um mês antes, Filipe Raposo divulgara o seu trabalho recente “First Falls”, tocando com músicos dos grupos a que pertencera, o Trio de Yuri Daniel e a Tora Tora Big Band.
Aquela frase de um poema de Fernando Pessoa com que abrem o concerto – esclarece a compositora que musicou frequentemente o poeta − foi “o mote para a entrada no bosque cerrado dos sentidos, no encantamento do que, soando, vindo do escuro, se faz caminho por entre pequenos trilhos. Sentem-se! E escutem! … Um diálogo de sombras num bosque de arremedos. Sinais da noite mais escura. Memórias de desertos entre desertos”.
Para abrir o vosso apetite, eis o tema “I Found na Icon” baseado no coral 16, BWV 311 de Johann Sebastian Bach que Filipe Raposo inclui no seu disco :
Quanto a Amélia Muge, reproduzimos (com o agradecimento ao YouTube) o concerto de lançamento de “Periplus, Deambulações luso-gregas” com Michales Loukovikas (voz, acordeão), Filipe Raposo (piano, teclados, acordeão), Manos Akhalinotopoulos (clarino, voz),José Salgueiro (percussão), Harris Lambrakis (flautas ney e de bisel, teclados), Kyriakos Gouventas (violino, viola, bandolim, buzuqui ), Ricardo Parreira (guitarra portuguesa) :
Entretanto na Sala Garrett do Teatro Nacional Dª Maria II acaba neste Domingo 11 de Novembro, às 16h a representação integrada no “Ano do Brasil em Portugal – Mostra de Teatro do Brasil” de “Hell” de Lolita Pille (estreada na véspera, Sábado 10, às 21h).
Dirige-a o conhecido realizador argentino/brasileiro Hector Babenco que, com Marco António Braz, adaptou o romance de estreia (2003) da escritora Lolita Pille, então com 21 anos, que fora um fenómeno editorial em França e best-seller em dezenas de países.
“Retrato devastador da juventude rica e consumista de Paris, que preenche as suas vidas com sexo, álcool, drogas e roupas de grife, “Hell” poderia passar-se em qualquer grande cidade do mundo, pois espelha os valores e o comportamento de uma classe que, sem encontrar limites para o prazer, vive o angustiante vazio do excesso” − diz o programa do teatro – “Hell, pseudónimo da narradora, é uma garota rica, fútil e arrogante. Niilista, despreza a natureza e o único credo é que seja bela e consumista. Daí a trágica história de amor vivida pela protagonista e Andrea – um jovem tão rico e tão imerso no desespero quanto ela”.
Interpretam Hell Bárbara Paz e Andrea Paulo Azevedo e é um excerto da actuação que o vídeo seguinte retrata :
Ainda no campo do teatro lembramos que acabou de estrear a 8 de Novembro no Teatro Villaret (permanecendo até 22 de Dezembro) a peça “Um Sonho para Dois” da autoria de Rafael Primot e com direcção de Michel Bercovitch (estreada no Brasil há 7 meses) com Ricardo Pereira e Fernanda Souza, sendo esta a primeira produção deste actor português, habitualmente televisivo.
Sinopse da comédia : Edu (Ricardo Pereira), um jovem jornalista, e Cléo (Fernanda Souza), filha de um empresário milionário, acordam juntos na mesma cama, trancados num quarto de hotel, sem nunca se terem conhecido. Sem se lembrarem do que aconteceu, os dois tentam desvendar o mistério que os colocou nesta situação tão inusitada. No meio de muitas dúvidas e várias confusões, numa noite de peripécias, aparentemente estranha e inexplicável, o amor parece surgir como um sonho.
Também na área teatral aproveitamos para lembrar a existência do Teatro Rápido (Rua Serpa Pinto nº 14, Lisboa) que tem a particularidade de realizar sessões de 15 minutos (como dizem “… são espectáculos ideais para pessoas que estejam a viver a cidade e que não têm muito tempo para dedicar a eventos prolongados”). Ver programação actualizada em : http://www.ruadebaixo.com/teatro-rapido-novembro2012.html
Por exemplo na Sala 3 exibe-se “Joana Dark”, neste caso de Quinta a Segunda às 18h15/ 18h40/ 19h05/ 19h30/ 19h55/ 20h20 apenas por 3 Euros.
Esta produção da Inestética– Companhia teatral é uma performance teatral inspirada na figura histórica Joana d’Arc, com texto e encenação de Rita Leite, música de Luís Soldado e interpretação de Anna Carvalho e Linda Valadas.
“A abordagem artística explora a dualidade interna da protagonista, independentemente do seu referencial histórico. De um lado temos Joana guerreira, física, guiada pela fé, que se transcende, atingindo um nível de existência supra-humano. Do outro lado temos Joana vulnerável, que na sua dimensão humana, questiona os limites da fé, da verdade e da sua consciência”. (assim a descreve quem a viu na Gazeta dos Artistas)
Para completar a informação, diga-se que na Sala 1 decorre “Sacha Gold”, uma ideia de Susana Vitorino, na Sala 2 representa-se “A Guerra dos Cisnes” de Vicente Alves do Ó e na Sala 4 ocorre “Once Upon a Time”, uma performance produzida e encenada por Cecilia Laranjeira, Joana Paes de Freitas, Sofia Soares Ribeiro e Stattmiller.
A encerrar, uma última dica para os amantes de Teatro : abre hoje Sexta e encerra no Sábado 24 de Novembro a “16ª Mostra de Teatro de Almada” onde, pelos diversos palcos da cidade vão representar-se cerca de 20 espetáculos, entre os quais algumas estreias, envolvendo as várias companhias e grupos de teatro amadores e profissionais do concelho.
Este ano a sessão de abertura coincidirá com a festa de celebração dos 40 anos do GITT – Grupo de Iniciação Teatral da Trafaria (fundado em 1972). Assim, no dia 9 de novembro, a partir das 21h30, nos Recreios Desportivos da Trafaria vai ser possível ver uma exposição sobre a história do GITT, ouvir vários testemunhos de pessoas que passaram por este grupo de teatro, assistir à actuação da Banda da Sociedade Recreativa Musical Trafariense, a uma sessão de poesia e à representação da peça “Origens”, pelo GITT.
Aconselha-se consultar a programação integral www.mostradeteatrodealmada.blogspot.com
Adenda :
Quanto a cinema de novidade e a terminar o fim-de-semana, divulgamos (como o fizémos ontem) o pormenor do programa lisboeta para este Sábado 10 de Novembro do 7º Lisbon & Estoril Film Festival que assim oferecerá nos cinemas da capital :
Na Sala 1 do Cinema Monumental projectar-se-á às :
14H30 Dionysus (EUA) e The Responsive Eye (EUA) ambos de Brian de Palma
17H30 The Man with the Bassoon (Alemanha) de Miguel Alexandre
21H45 Laurence Anyways (Canadá, França) de Xavier Dolan
No Cinema Monumental – Sala 4 exibe-se :
14H00 A Time to Live, a Time to Die (Taiwan) de Hou Hsiao Hsien
17H00 Two Lane Blacktop (EUA) de Monte Hellman
19H00 Dans la maison (França) de François Ozon
22H00 Antiviral – (Canadá, EUA) de Brandon Cronenberg com a presença de Brandon Cronenberg e Sarah Gadon.
No Espaço Nimas ver-se-á :
11H30 Hitler, ein Film aus Deutschland (Alemanha) de Hans-Jurgen Syberberg
21H00 Bob Wilson’s Life & Death of Marina Abramovic (Reino Unido, Espanha) de Giada Colagrande com presença e conversa com Giada Colagrande e Willem Dafoe.
Sendo “Laurence Anyways” (Canadá, França) do realizador francês Xavier Dolan, tendo Melvil Poupaud, Suzanne Clément e Nathalie Baye como principais actores, o único dos filmes do programa dominical seleccionado para a competição oficial mostramos-lhe em seguida o filme-anúncio.
Trata-se da história dum amor impossível. No dia do seu trigésimo aniversário, Laurence (Lourenço), muito apaixonado por Fred, revela-lhe, após circunlóquios abstrusos, o seu desejo de se tornar mulher.
(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Quarta aqui )
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