EM VIAGEM PELA TURQUIA – 52 – por António Gomes Marques

(Continuação)

Depois da visita à Basílica de Santa Sofia, tivemos uma surpresa  visita à Cisterna da Basílica (Yerebatan Sarayi, ou seja, cisterna ou palácio subterrâneo ou afundado), o que não estava no programa, que bem atesta a qualidade da engenharia bizantina.

Foi também mandada construir por Justiniano e inaugurada em 532, tendo como objectivo principal o abastecimento do Grande Palácio, sendo a construção deste iniciada por Constantino e aumentada por Justiniano, por causa de um incêndio provocado pela revolta de Nika em 532, depois ainda mais alargado no século IX. Ocupava uma área que ia do Hipódromo até ao porto imperial, no Mar de Mármara. Na segunda metade do século XIII, este palácio foi trocado pelo Palácio de Blachernae.

Justiniano não considerou suficiente o aqueduto que trazia água para Constantinopla, dado que uma guerra poderia vir a impedir tal abastecimento; assim, mandou construir esta enorme cisterna que não deixaria Constantinopla sem água no caso de haver algum grave problema com o aqueduto. Durante os cercos das invasões bárbaras, a construção da Cisterna revelou-se acertada.

Foi construída de 527 a 565, contendo 336 colunas de mármore com capitéis dório e coríntio, em 36 filas, com 8 metros de altura, tendo capacidade para 30 milhões de litros de água, sendo alimentada pelo aqueduto que o Imperador Valens mandou construir.

Pormenor da Cisterna da Basílica

É uma construção por debaixo de ruas e quarteirões, nomeadamente sob a Praça do Hipódromo, junto da Basílica de Santa Sofia, em frente da qual está a entrada. As colunas terão sido trazidas das construções pagãs da Ásia Menor.

Outro pormenor da cisterna

Há um pormenor que cria muita curiosidade nos visitantes e que tem a ver com a base de duas colunas, onde aparecem cabeças de Medusa, em posições que não se repetem. À direita: Cabeça de Medusa como base da coluna

Será que há uma razão para que a cabeça das Medusas não apareça sempre na mesma posição? Que significado terá?

Interrogámo-nos os quatro  a Fernanda, o Luís, a Célia e eu próprio  mas, de facto, ninguém adivinhou o óbvio, como quase sempre acontece. Outros à nossa volta também se interrogavam.

E o óbvio foi que os construtores assentaram a parte que maior garantia dava de estabilidade, ou seja, não importava a posição da cabeça de Medusa, o importante, dado que necessitavam de uma base, era essa garantia de estabilidade, que era a superfície mais lisa.

Saímos maravilhados, como já havia acontecido nas outras visitas; mas uma outra, não menos importante, nos aguardava  o Palácio de Topkapi, que da primeira vez não tivemos oportunidade de visitar.

Mas já que estamos maravilhados, antes do Palácio de Topkapi, julgamos interessante falar da lenda que está relacionada com a cabeça de Medusa, que proporcionou, pelo menos na Cisterna, uma boa solução, de que tanto andamos carecidos  estabilidade! Quem diria que a cabeça de Medusa estava destinada a servir de base a colunas, podendo nós olhá-las sem receio de em pedra nos transformarmos.

Outra cabeça de Medusa numa posição diferente

(Continua)

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