AFONSO X
(Toledo 1221 –Sevilha 1284)
Ai eu, coitada, como vivo em gram cuidado
por meu amigo que ei alongado!
Muito me tarda
o meu amigo na Guarda!
Ai eu, coitada, como vivo em gram desejo
por meu amigo que tarda e não vejo!
Muito me tarda
o meu amigo na Guarda!
Esta cantiga de amigo andou sempre atribuída a D. Sancho I de Portugal mas, segundo as últimas investigações, deve atribuir-se a Afonso X, o Sábio, rei de Castela e Leão. Aceitando esta hipótese, “guarda” deve entender-se não como topónimo mas como “serviço de guarda”, “estar de guarda”.
Manuel Alberto Valente fez uma glosa desta cantiga , transformando praticamente só o refrão:
Ai eu coitada
Como vivo em grande medo
por meu amigo
que levaram cedo!
Que dura sorte
o meu amigo no forte!
Ai eu coitada!
Como vivo em grande anseio
por meu amigo
que ainda não veio!
Que dura sorte
o meu amigo no forte!
(“Poemas Livres 3”, 1968)