RETRATOS, IMAGENS, SÍNTESE DOS EFEITOS DA CRISE DA ZONA EURO SOBRE CADA PAÍS

Selecção, tradução e introdução por Júlio Marques Mota

hungria

Hungria ou Portugal?

Um texto a ler com muito cuidado. Ouviram o nosso secretário de Estado para a Saúde Leal da Costa  falar de sustentabilidade do sistema de saúde, que deve  estar a cargo dos doentes. Ouviram também já falar do seguinte, por exemplo:

“Os medicamentos para ajudar a deixar de fumar são “desproporcionadamente caros para o resultado pretendido”, admite o secretário de Estado da Saúde, revelando que o Ministério pondera comparticipar caso o fabricante assuma o “compromisso” de reajustar o preço, avança a plataforma de comunicação ptjornal.

O Governo tenciona alterar a lei do tabaco, reduzindo as excepções à proibição de fumar em espaços públicos, mas mais importante do que alterar a legislação é proporcionar medidas para que os fumadores deixem de o ser por vontade própria. Um dos principais obstáculos é o elevado preço dos medicamentos para ajudar a deixar o vício: uma embalagem para tratamento durante um mês custa mais de 40 euros.

 São “desproporcionadamente caros para o resultado pretendido”. “

Leio isto e não sei se estou em Portugal ou num outro país em perfeita situação de ruptura e onde os sinais do nazismo são agora já bem claros, não sei se estou a caminho da Hungria. A Europa está a transformar-se numa fábrica de pobres, declarava o Canal Arte num documentário apresentado neste blog, mas essa fábrica tem a sua sede repartida por Bruxelas, Berlim e   Frankfurt, tem as suas filiais nos seus Estados membros e onde essa fábrica de pobres está agora em forte actividade é em Portugal, Espanha, Grécia, Chipre, Irlanda,  Itália, Hungria,  com uma nova fábrica em construção e a iniciar  brevemente a sua actividade em velocidade cruzeiro num outro país,  em França.

Não sei se ao acabar de ler o texto que se segue fico com a sensação de estar em estou em Portugal ou na Hungria. Se isto é verdade  já só faltam por cá aparecer as bandeiras correspondentes  e que virão… se não nos opusermos frontalmente.

Júlio Mota

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Na Hungria, as pessoas com diabetes serão punidas pelo não cumprimento rigoroso das suas dietas alimentares

En Hongrie, les diabétiques seront punis pour leurs écarts de régime

Le Monde.fr | 23.04.2012 à 17h05

É uma medida extrema que acaba de tomar o governo húngaro. Para reduzir as despesas em  saúde, o governo decidiu punir as pessoas com diabetes que  não respeitem  rigorosamente a sua dieta alimentar , privando-os de acesso aos melhores tratamentos  financiados.

De acordo com um decreto  publicado  na segunda-feira, 23 de abril, no jornal oficial, os diabéticos deverão submeter-se  trimestralmente  a um  exame   ao sangue específico para controlar ao seu consumo em hidratos de carbono.

Se forem  apanhados em duas análises  no ano em situação de não respeito pela dieta prescrita, em suma,    se os seus níveis de glicose aumentarem  para além dos valores previstos pelo Decreto, aos pacientes em questão  será negado  o acesso aos medicamentos mais eficazes (como os análogos de  insulina) e vão ter  que se contentar com  tratamentos baseados em insulina humana, de menor nível de eficácia  e que causam mais efeitos secundários.  Além disso, eles terão que pagar mais caro pelo  seu tratamento, uma vez que a parte subsidiada pelo Estado irá ser reduzida por efeito da penalização.

Os menores e as pessoas atingidas por uma forma grave de diabetes estaraão isentas desta regulamentação   que entrará em vigor  no dia 1 de julho. Cerca de quinhentas mil pessoas sofrem de diabetes na  Hungria.

ALIMENTO DIETÉTICO MODERNO NÃO ACESSÍVEL

O primeiro jornal húngaro Népszabadság denunciou esta segunda-feira no seu site de  Internet a punição aos  “diabéticos faltosos”, que “receberão  um tratamento menos bom”. Na opinião de um  perito, Dr. Laszlo Bene, citado pelo diário, os pacientes geralmente também não são indisciplinados, mas podem não  ter recursos para comprar alimentos dietéticos modernos.

Em Fevereiro passado, aquando do debate no Parlamento sobre este  decreto, o deputado socialista Andras Nemény foi extraordinariamente duro contra “a política social do governo (…) sinónimo de miséria para os pobres “e tinha considerado o decreto de “escandaloso”.

O governo   do conservador Viktor Orban, tinha então  justificado o  seu decreto afirmando que “os medicamentos para os diabetes custam  cerca de  30 mil milhões de florins (100 milhões de euros) e que era inútil estar a  desperdiçar o dinheiro dos contribuintes   com pessoas  que não cooperam  com o seu médico”.

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