Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
O encerramento de sites aumentou em 42% em 2012..
24.000 postos de trabalho foram perdidos na indústria.
A França acaba de passar um valor simbólico. Desde Janeiro de 2009 que o país assistiu ao encerramento de mais de mil unidades fabris no seu território. Após dois anos de pausa, a desintegração do tecido industrial francês acelerou-se de novo em 2012, com um aumento do ritmo de encerramento dos sites de 42%, de acordo com estimativas da empresa Trendeo, especializada em levantamento de dados deste tipo. No ano passado, 266 unidades fabris com mais de 10 empregados colocaram a chave debaixo da porta.
A que se deve esta degradação? “O euro aumentou 10% contra o dólar desde Julho de 2012, o que pesa sobre a competitividade das empresas, explica David Cousquer, do gabinete Trendeo.» Então, seguem-se grandes interrogações dos industriais sobre a evolução da procura na Europa. E vemos que não há elementos que possam levar a que se mudem as expectativas das empresas neste campo”.
Esta aceleração de encerramento tem graves consequências sobre o emprego. Depois de ter subido a tendência em 2010 e 2011, a indústria de transformação perdeu quase 24.000 posições até ao ano de 2012 e mais de 120.000 desde Janeiro de 2009. Em primeira linha o sector do automóvel, farmácia, mobiliário e da impressão.
Abalado pela reestruturação da PSA e da Renault, o sector automóvel tem registado mais de 12.000 perdas no ano passado de emprego líquido seja apenas um pouco menos de metade do nível de 2009. Com isto parece estarmos perante um douche frio depois de ter havido esperanças de retoma a partir de 2011, uma vez que o sector esteve quase em equilíbrio em termos de emprego.
A agricultura igualmente atingida
A mesma observação nos produtos farmacêuticos. As reestruturações empreendidas por Sanofi, Bristol – Myers Squibb, Cephalon e Merck arrastaram, só por si, a perda de 2.000 empregos em França, submetendo o sector ao seu quarto ano consecutivo de perdas de emprego. Até mesmo a agricultura perde terreno, com a supressão de cerca de 900 lugares após a falência de DOUX e dos planos de reestruturação em que se envolveu Kronenbourg e Coca-Cola. Este sector tem a vantagem de se apoiar numa procura sólida, uma vez que o consumo de alimentos é menos elástico face ao rendimento, ou seja reage menos à redução de rendimentos e tem portanto uma procura mais estável..
Neste ambiente difícil, o sector de bens de luxo e a construção aeronáutica continuam a exibir sua singularidade, com mais de 2.400 criações de postos de trabalho. A indústria também beneficiou de investimentos em energia verde, com mais de 9.000 anúncios de criação de postos de trabalho no espaço de um ano. Verificou-se um forte aumento na energia eólica em mar e aos projectos de de metanização. Mas isto é insuficiente para dar um maior folgo à indústria francesa.
Emmanuel Grasland, Les Echos, La France a perdu plus d’un millier d’usines depuis 2009, 5 de Fevereiro de 2012