JORGE DE SENA – A HOMENAGEM

Breve biografia – II parte – As primeiras obras.

Após o insucesso na Escola Naval, Jorge de Sena optou pela Engenharia Civil. Frequentou os primeiros anos em Lisboa e concluiu  o curso no PortoImagem1 em 1944. Continuou a escrever poesia, ensaios. Sob o pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida porRui  Cinatti, José Blanc de Portugal e Tomás Kim. Em 1942 publicou Perseguição, o seu primeiro livro de poemas. Em 1947 inicia a sua crreira de engenheiro civil, exercendo a profissão durante 14 anos.  Trabalhou na Câmara Municipal de Lisboa, na Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas (JAE). Durante a estada no Porto,  conhece Maria Mécia de Freitas Lopes, irmã de Óscar Lopes,  crítico e historiador literário.  Após um namoro, que começa em 1944, casam em 1949. Irão ter nove filhos. D. Mécia, será uma companheira infatigável, enérgica, apoiando sempre Jorge ao longo de crises e de épocas menos felizes. Por seu turno, Jorge trabalhou arduamente para poder face à despesa de uma família que não cessava de crescer – de dia trabalhava na JAE, com deslocações frequentes por todo o país. Nos poucos momentos livres prosseguia o trabalho literário – tradução e revisão de textos e, sobretudo, ia avançando nos seus originais. Por esses anos publicou entre outros, O Dogma da Trindade Poética – Rimbaud (1942), Coroa da Terra, poesia (1946), Páginas de Doutrina Estética de Fernando Pessoa (organização), 1946, Florbela Espanca (1947), Pedra Filosofal poesia (1950), A Poesia de Camões (1951). A constante perseguição política, a vigilância policial,  foram-no desgastando. A tacanhez do regime salazarista cansava-o. Sair do País, exilar-se, talvez fosse uma solução…

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6 Comments

  1. Ainda li o prodigioso “Físico…”) na 1.ª edição, integrada nas “Novas andanças do demónio”, livro que emprestei e se tresmalhou… Mais tarde, a novela foi, e bem, editada em separado. Eu é que, sempre na esperança de recuperar a pródiga edição, fui adiando a aquisição do seu conteúdo no novo formato e, agora, não encontro nenhum dos dois livros, nem na Feira do Livro, já que a edtora, suponho, desapareceu.
    O que me desagrada (como acontece em relação a quase todos os poetas) é a leitura “enfatuada” dos seus poemas pelo Jorge de Sena – e basta comparar com a excelente leitura das suas versões em inglês, para se entender a diferença. É extraordinário como, na leitura em voz alta, poetas da qualidade do Jorge de Sena são incapazes de reproduzir até o ritmo que deram às suas criações: nunca deixarei de me espantar. As mais notáveis excepções – para além do Ary, que era um descendente em “directo” dos antigos trovadores e poetas da Corte… – são o Herberto Helder, a grande surpresa (para quem disso não sabia) de uma edição da Assírio & Alvim, o Cesariny e, claro, o Mourão-Ferreira.

    1. São, de facto, duas «artes» diferentes – escrever e declamar. Os belos poemas de Pablo Neruda, os do «Canto general», por exemplo, épicos, exaltantes, resultavam quase monótonos na monocórdica leitura do autor. O Herberto lê muito bem o que escreve e o Cesariny também o fazia com a intensidade da voz a corresponder ao ritmo do poema. David Mourão-Ferreira lia muito bem a sua poesia e a dos outros. Quanto ao Ary e ao Manuel Alegre, não estamos de acordo. Na minha opinião, interpretam a declamação de uma forma errada (também é verdade que não gosto muito da poesia, quer de um, quer do outro; não cabe aqui explicar porquê). O Ary gritava demasiado, dando a qualquer poema o tom de um mau discurso político, e o Manuel Alegre recita num tom enfatuado, convencional, que me desagrada. Grande declamador era o Villaret. Mas, claro, são opiniões pessoais e valem o que valem – muito, para quem pensar da mesma maneira; zero, para quem discordar.

      1. Foi a editora que ficou com os direitos de publicação da obra completa. Pensei que tivesse, simplesmente, desaparecido. Se, actualmente, faz parte do grupo Almedina, seria bom que este encarasse a hipótese de reedição da obra de Sena.

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