CINEMA NEGRO – por Carlos Loures

Trazemos em mente o projecto de organizar um ciclo de «Cinema e Literatura» ; uma das séries que gostaríamos de incluir nesse ciclo seria a do «cinema negro». O conceito de dark cinema, ou film noir, refere-se a um género cinematográfico que, entre os anos 40 e 50, se desenvolveu em Hollywood. The Maltese Falcon, (“Relíquia Macabra”), realizado em 1941 por John Huston , com Humphrey Bogart e Mary Astor, é considerado o primeiro filme negro. A designação vem do francês “filme noir”, criada pelo crítico Nino Frank. e é usada pelos especialistas para descrever um filme cuja tipologia é vaga, com uma diferenciação de outros géneros, como o chamado «filme policial», que se torna por vezes subjectiva – os enredos, girando em torno de um ou mais crimes, não têm, por norma, como objectivo a descoberta do criminoso. Descrever o contexto social que rodeia o crime e as andanças de um detective que não usa Poirot como modelo – o conhecimento do submundo, a descrença na bondade humana, substituem o «suspense», as «celulazinhas cinzentas” de Hercule ou o «elementar, meu caro Watson» de Sherlock.

Os filmes mais impressivos do género foram rodados a preto e branco. O detective é geralmente um investigador privado, um anti-herói que sabe que não existe uma fronteira definida entre o bem e o mal e que, com frequência, atravessa a inexistente fronteira par encontrar a verdade relativa que procura. Um território de sombras que vagueiam na neblina de uma realidade que não é como gostávamos que fosse. A violência, os interesses obscuros, o lado sombrio da natureza humana são, em geral, elementos centrais dos enredos. Os romances de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, são dois pilares literários do cinema negro.

Com textos do João Machado, do Moisés Cayetano Rosado, um ou outro meu, e de quem a nós se queira juntar, iremos iniciar um ciclo subordinado ao tema «Cinema e Literatura». O «cinema negro» será o primeiro tema a abordar.

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