POESIA PARA BEBÉS? VAMOS A ISSO! por clara castilho

9349741_b7nUl

O Fórum dos Direitos da Criança, de que faço parte, organiza mensalmente tertúlias com o objectivo de reflectir sobre determinados assuntos relacionados com os problemas que se põem às crianças, aqui e agora, e dar a conhecer propostas de intervenção. Foi assim que tive a oportunidade de assistir a um pedaço de uma peça com poesia para crianças, da Associação “Andante”. Entusiasmada fui pesquisar e trazer aqui parte do que encontrei.

487209_470026353051269_874735811_n

Começo com uma citação que que consta do seu site:

“O desaparecimento da leitura em voz alta é muito estranho. (…) Já não há o direito de colocar as palavras na boca antes de as meter na cabeça? Já não há ouvidos? Já não há música? Já não há saliva? As palavras já não sabem a nada? O que é que se passa? (…) Venham soprar nos nossos livros! As palavras precisam de corpo! Os nossos livros precisam de ter vida!”

Daniel Pennac in “Como um Romance”

 A Andante tem este lema:ao andar se faz o caminho”. É uma companhia de teatro que tem como objectivo principal a promoção da leitura, a sedução de leitores. Transformam livros de poesia, romances, contos, em espectáculos de teatro. Integra o programa de itinerâncias culturais da Direcção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas no âmbito dos objectivos do Plano Nacional de Leitura.

Dado que se não pode obrigar ninguém a gostar de ler, tenta-se seduzir, partilhando o prazer da leitura, quebrando preconceitos que relacionam directamente os livros, o teatro, a arte, a algo aborrecido e monótono.

 caracol

Contam com o apoio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (actual Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas) e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Os textos que usam – poemas, principalmente – são representados e não declamados. Os actores representam personagens, num cenário, acompanhados sempre por um grande trabalho de sonoplastia. Parece teatro, não parece? E é. Aos livros são retiradas as palavras, depois são envolvidas na sua própria sonoridade e acrescentados sons e músicas. Tudo misturado fica a forma de espectáculo teatral.

E dizem “Sentimos muitas vezes que somos ladrões: assaltamos um texto à procura do que mais nos convém; retiramo-lo do seu contexto inicial e damos-lhe um sentido que possivelmente o seu autor nunca supôs ou quis; criamos com estes versos ou excertos de textos de outrem a nossa própria poesia. Mas sempre com a intenção de os devolver. Temos sempre a esperança que alguém no final dos nossos espectáculos queira saber quem escreveu aquelas palavras e em que livro as pode encontrar. Roubamos para partilhar. Talvez aos olhos dos autores isso nunca nos indulte mas esperamos sempre seduzir mais leitores para os livros que nos seduziram, para os poemas que nos cativaram.”

Vão trazer a Lisboa o espectáculo de que vi parte, “O Caracol”, na Lx Factory, nos dias 10, 17 e 24 de Março às 16 H. Vale a pena!

Mais informações podem ser retiradas em: http://www.andante.com.pt/

Leave a Reply