POESIA AO AMANHECER – 163 – por Manuel Simões

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TOMÁS PINTO BRANDÃO

( 1664 – 1743 )

AO GOVERNADOR LUÍS CÉSAR DE MENEZES,

NA BAÍA, ESTANDO O AUTOR RÉU PRESO

Contra mim tem o ódio acumulado

culpas que ainda não tenho cometido,

mas ainda assim, prostrado e arrependido

me acolho a vossos pés como a sagrado.

Confessando, porém, o haver errado,

tereis por mim, ó César, conseguido

um poder ao divino parecido,

se for de vós absolto o meu pecado.

O crer que viverei com mais soltura

não embarace o dar-me a liberdade,

que então fica mais presa e mais segura,

pois ninguém negar pode com verdade

que é mais forte a prisão, muito mais dura,

se fica com o favor presa a vontade.

(De “Pinto Renascido”)

A maior parte da obra poética deste autor foi publicada no volume parodístico “Pinto Renascido” (1732). Postumamente foi publicado o curioso poema “Vida e morte de Tomás Pinto Brandão escrita por ele mesmo semivivo” (1781). É-lhe atribuído também o poema satírico “Este é o bom governo de Portugal”, de que existe uma edição da Europa-América (1976).

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