Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
Fabius Maximus · 14 de Fevereiro de 2013
(conclusão)
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Os economistas foram, são, e provavelmente é sempre assim, as ferramentas dos que que constituem os 1%. Os economistas são os seus criados.
Agora Karabell revê alguns destes desagradáveis factos históricos.
“ O consenso estabelecido é o de que, por um lado, o crescimento é demasiado fraco e que, por outro lado, os governos gastam muito e é assim toda a parte no o mundo desenvolvido. A Alemanha ainda não recuperou psicologicamente dos traumas da dívida e da depreciação da sua moeda na década de 1920. O Brasil e grande parte da restante América Latina estão marcados pelas memórias dos anos 70 e da crise sudeste asiático dos anos 90, quando as brutais crises da dívida quase afundaram essas economias.”
Agora, para o climax, diz-nos Karabell: .
“Ainda um coro de Amén não traduz a verdade, e o consenso não é um facto. A dívida pode ser uma responsabilidade fatal se é utilizada imprudentemente, mas pode bem ser uma ferramenta poderosa se bem utilizada. Ela permite que os governos, empresas e indivíduos possam expandir o que podem e sabem fazer no presente na crença de que os ganhos futuros seguir-se-lhes-ão, exactamente à venda do que de útil fizeram nessa expansão de produção de bens e serviços. Ela pode levar a que se possa financiar a educação, financiar infra-estruturas e alimentar a investigação e a inovação. O facto de que a dívida é tantas vezes mal usada, para esconder problemas ou para financiar despesa efémera , representa um problema grave e potencialmente esmagador. Mas isso não é uma acusação sobre a dívida; é uma acusação sobre o que é feito com ela. “
Isto coloca-nos perante uma profunda e frontal recusa em ter medo da dívida quando se, mostra que nós gastámos conscientemente uma grande parte dos 6,4 milhões de milhões de dólares de dívida pública federal adicional que foi criada desde que a recessão começou em Dezembro de 2007 (um aumento de 125%). Isso merece atenção e justifica que se procure saber se os défices foram ou não — o estímulo económico aos investimentos no curto prazo , os que geram o crescimento futuro. Em vez disso, o que nós vemos é uma mudança de assunto .
Este valor do défice e o da sua variação configuram uma refutação clara do medo da dívida, mostrando que passou-se de forma consciente a 6,4 milhões de milhões, em nova dívida pública, desde que a recessão começou em Dezembro de 2007 (um aumento de 125%). Isso merece atenção e justifica que se procure saber se os défices foram ou não — o estímulo económico aos investimentos no curto prazo , os que geram o crescimento futuro. Em vez disso, assiste-se a uma mudança de assunto.
A hipótese actual é a de que a dívida está fora de controle e tem sido assim desde há muitos anos. A dívida dos consumidores no início de 2000 deu lugar à dívida pública de hoje e a Grécia e os seus países irmãos do Mediterrâneo são considerados como o mostra o anexo A merecedores de serem acusados e de levados a julgamento. No entanto este animus impõe-nos que regressemos um pouco atrás à altura em que as mudanças nos comportamentos no sistema financeiro espalharam a raiva e provocaram um enorme pânico . A nossa fixação sobre a dívida, então, será menos o produto da própria dívida do que o problema do seu ajustamento à nova moeda .
Na verdade o dinheiro que em nosso nome foi pedido como empréstimo foi largamente esbanjado. Esbanjado em m guerras estrangeiras, na construção de um vasto sistema de segurança interna grande para nos defender contra o perigo das ameaças que não existem e nos presentes oferecidos aos 1% mais ricos da população americana e às suas empresas. Crédito fácil, muitas vezes, leva a uma má despesa. Agora, os 6 milhões de milhões de gastos assim feitos foram-se, nada fica deles, como nada fica das neves de inverno quando se derretem e, de tudo isso, é apenas a dívida que nos fica .
Parece-nos que os défices irão continuar a aumentar a dívida , talvez a um menor ritmo com a economia a crescer lentamente, com o pequeno aumento dos impostos a partir de Janeiro e (talvez) se realizem cortes adicionais na despesa pública. Ou a economia pode evoluir ainda mais lentamente do que estamos a admitir aumentando-se então mais os défices. O pior cenário é o de que nos poderemos transformar num Japão , onde apenas os enormes défices praticados e as taxas de juros a zero mantiveram uma economia estável desde há duas décadas — mas com esta situação sem fim à vista.
De qualquer forma podemos contar com um fluxo constante de garantias de que a economia é saudável e que os défices não são um problema. Os défices orçamentais são o ópio das massas.
Curiosamente, Karabell falou de modo algo diferente em 2009
Voltando a 2009, quando os défices foram desesperadamente necessários para estabilizar a economia, Karabell preocupou-se com os défices: “Deficits and the Chinese Challenge“, Wall Street Journal, 12 October 2009 — “Debt can become a real liability for a superpower. Recall what happened to postwar Britain.”
For More Information about government debt
- A certain casualty of the recession: the US Government’s solvency, 25 November 2008
- Everything you need to know about government stimulus programs (read this – it’s about your money), 30 January 2009
- Government economic stimulus is financial heroin, 28 December 2009
- The limit to America’s power is our ability to pay for it, 18 April 2011
- About America’s economic recovery: the good news and the bad, 1 May 2012
- America is rich and powerful because we can borrow. Will this debt build a stronger America?, 5 June 2012
- US economic update. Everything that follows is a result of what you see here., 8 June 2012
- America’s strength is an illusion created by foolish borrowing, 10 October 2012
- Ed Dolan Asks: What Does it Mean for Fiscal Policy to be “Sustainable”? MMT and Other Perspectives, 30 November 2012
- Let’s watch a great nation’s wealth burn away, 4 January 2013