EDITORIAL – Tudo é e não é alternadamente

Imagem2As direcções do PSD e do CDS-PP vão reunir-se hoje, às 18 horas em Lisboa, após o primeiro-ministro e presidente do PSD ter apresentado ontem ao presidente da República «o entendimento político» alcançado entre ambos. No final da reuni~so será emitida uma declaração. A declaração vai revogar a decisão irrevogável de Paulo Portas e dar mais uns instantes de vida a um executivo que já só respira através da cumplicidade do presidente da República.

Um governo desastroso, afunda-se agora no ridículo. Os actores esqueceram as falas e improvisam. Vão sair pela direita baixa. Nada já pode ser levado a sério. Sugerimos que o comunicado transcreva um texto do grande poeta António Maria Lisboa:

«Por terem indagado se era ou não era esta a minha letra, venho comunicar:

Esta não é a minha letra

Esta é a minha letra
Esta nunca foi a minha letra

Esta foi sempre a minha letra

Esta nunca será a minha letra

Esta  será sempre a minha letra

N.B. – Tudo é e não é alternadamente».

Um fac símile deste texto figura na edição onde se publica também outro texto poético – “ O Senhor Cágado e o Menino”, texto que começa assim: “O senhor Cágado é um grande cágado. Ele bem o sabia mas no entanto fazia todos os dias de pavão para ver se enganava os outros. Mas os outros bem viam que ele era mesmo cágado e que não era pavão nenhum antes pelo contrário”.

“O senhor cágado, o menino e o tio”, bem podia ser o título de um texto onde tudo é e não é alternadamente e onde o revogável se revoga se der jeito. Nesta maré de citacismo, Groucho Marx também pode dar uma ajuda – “Estes são os meus princípios. Se não gostam deles, eu tenho outros”.

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