EDITORIAL – Começa o jogo das sondagens

Imagem2Há dois anos atrás, com o actual governo a dar os primeiros passos na direcção do abismo em que precipitou o aparelho produtivo e a economia, ensaiavam-se as primeiras críticas e afinavam-se trocadilhos, picardias. Sócrates começava a ser esquecido. Passados dois anos e vencida a primeira metade da actual legislatura, o balanço só pode ser negativo. O eleitorado está dividido, não se sabe em que percentagens, entre os que atribuem as culpas do descalabro ao governo de Passos Coelho e os que o lançam a crédito do governo de José Sócrates. E esta dicotomia posta em escrutínio vai decidir quem formará o próximo governo. Isto se o executivo cair, como pedem partidos e estruturas sindicais. Presumivelmente, se triunfar a “solução” de antecipar as eleições, o PS de António José Seguro sairá vencedor sem maioria absoluta, pelo que terá de optar por se aliar com o PSD ou com os partidos da esquerda parlamentar. Têm a palavra as sondagens…

Nesta altura começa a usar-se muito a expressão “as sondagens valem o que valem”. E assim é. Esta valendo o que vale e, para mais, sendo organizada por uma empresa que consta estar ligada ou ser apoiante de Passos Coelho, revela que 17% do eleitorado preferiria um governo do Bloco Central (PS/PSD), 15,8% apoiaria um governo de esquerda (PS+PCP+BE), e, como terceira opção, 15% seria favorável a uma repetição da coligação PSD+CDS. Um executivo PS/CDS, como o de 1976, obteve apenas 8,6% das escolhas. No caso de António José Seguro decidir ter somente um parceiro à esquerda, o BE seria o escolhido, com 7,7%. A solução PS-PCP apenas foi esolhida por 5,7%.

Nenhuma das hipóteses mais prováveis é tranquilizadora. Ou seja, sendo talvez inevitáveis, as eleições antecipadas irão apenas mudar o cenário e os actores. A tragicomédia será basicamente a mesma – onze milhões de infelizes sendo joguete de uns milhares de políticos manipulados por umas centenas de banqueiros e industriais, ao serviço de umas dezenas de poderosos… A luta continua, pois o espectáculo tem de prosseguir.

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