O Porto é romance
O Porto é romance e é beleza. Tem um modo próprio e singular de nos fazer recuperar o tempo perdido, fazendo-nos percorrer nos caminhos da nossa memória, os lugares em que vivemos e crescemos. O Porto é sensual, e na crueza da sua linguagem, quase erótico.
É ainda, e também, terra de grandes referências literárias e poéticas.
O Porto come-se com os olhos.
É uma cidade em constante movimento, cheia de autenticidade, gastronómica, nocturna, social, artística e cultural. É antiga, conservadora e também moderna, cheia de histórias para contar, carregada de criatividade e novas experiências baseadas na nossa história, no nosso património, nas nossas memórias e nos nossos afectos. É uma cidade cheia de carácter, indiferente a modas, que se sente confortável consigo mesma e que seduz, por tudo isto, quem nos visita. As suas gentes não gostam de fingir o que não são, não gostam de encenações ou teatros ou de quaisquer artifícios. São originais e genuínas. As pessoas do Porto são orgulhosas, e têm razões para tal.
Hoje, com um novo Presidente na Câmara, coqueluche da cidade e do Norte, Galiza incluída – e apesar das habituais vozes do contra que salivam esperando conseguir meter areia na engrenagem, duvidando hoje, protestando amanhã, impedindo depois, criticando sempre, ou de outras que desistem para mais tarde poderem falar – o desejo e a esperança de vir-mos a ser cada vez melhores, cresce, mesmo, e apesar de muitos contratempos.
O mundo fala de nós, e fala bem.
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.A FAUP
A Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, uma das 100 melhores Escolas de Arquitetura da Europa, está implantada num local quase idílico e é um dos orgulhos da nossa cidade.
As vistas de rio e de mar, com os Caminhos do Romântico logo ali à beira, dão a serenidade e calma necessárias aos estudantes e aos professores para fazerem o seu trabalho.
Apesar de estar junto à auto-estrada e a uma das entradas da cidade com mais trânsito, os ruídos da cidade quase não se fazem sentir. Não se ouvem, não se notam, a calma é plena. O silêncio, necessário à criação, é enorme.
A FAUP criou no seu seio arquitectos de renome, uma escola (Escola do Porto) reconhecida a nível mundial, premiados Pritzker (Siza Vieira em 1992 e Souto Moura em 2011), e prémios e premiados espalhados pelo mundo inteiro.
Na cidade, a par de inúmeros prédios cujos restauros se devem à nova vaga de arquitectos, onde pontificam diversos hotéis e hostels, sendo que um dos principais é a Casa do Conto na Rua da Boavista, são de destacar os trabalhos de requalificação urbana da Metro do Porto e os magníficos trabalhos das suas Estações do Estádio do Dragão, da Casa da Música, de São Bento e da Trindade, entre outras. Os edifícios Vodafone e Burgo (um dos mais perfeitos e inteligentes edifícios do mundo, uma obra de referência da arquitectura de Souto Moura), e ainda Serralves, são outros dos ícones da cidade, com assinatura de arquitectos da Escola do Porto. A própria FAUP é um projecto de Siza Vieira.
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e os arredores
Tesouros Escondidos na Cidade
À volta da FAUP, e a par das vistas, lindíssimas, e dos Caminhos do Romântico, e do silêncio, tudo o mais é feio e está por arranjar, excepção feita à parte Norte/Poente, onde à volta do Planetário, do Teatro do Campo Alegre e da Faculdade de Ciências, tudo está já bem cuidado.
Não sei a quem pertencem os terrenos que em frente à Faculdade servem de estacionamento, mas são feios e mal tratados. E à volta da Faculdade de Letras, que lhe fica próxima, também há terrenos aparentemente abandonados, e parques de estacionamento onde parcam muitas dezenas de carros diariamente, em terra, e que no Verão estão cheios de pó e no Inverno ficam enlameados.
Próximo, no Alto da Arrábida e na Via Panorâmica Edgar Cardoso, que passa por baixo da Ponte da Arrábida, e no espaço onde fica o Estádio Universitário, fica uma zona da cidade que muito se assemelha a um local ermo e abandonado pelos responsáveis. Silvas e mau trato urbanístico (ou melhor dizendo, nenhum), a par de arbustos mal amanhados, casa em ruínas e feiura generalizada, co-habitam com uma paisagem linda sobre o rio Douro e o mar. E é lamentável que esta parte da cidade esteja assim, abandonada e escondida dos habitantes e dos nossos visitantes. É mais um miradouro que mereceria o reconhecimento público e o trabalho urbanístico da Câmara. E, está mesmo ao lado da FAUP, o que a meu ver, é um desrespeito por todos nós, habitantes, e pela Instituição, o que lhe confere uma vergonha acrescida.
Temos agora um novo Presidente na Câmara, esperemos que olhe para alguns pontos da cidade com outros olhos. Esta zona merece ser requalificada e mostrada aos cidadãos como mais um orgulho que podemos e devemos ter.
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Os Eventos na Cidade
Está quase a acontecer mais um Urban Market na Praça das Cardosas.
É já no fim de semana de 25, 26 e 27 de Outubro que a Portugal Lovers organizará o próximo.
Falta pouco. Marque na sua agenda.
Se já lá foi, repita que vale a pena, se ainda não conhece, aproveite para passar umas horas maravilhosas a ver, a provar, a ouvir e mais ainda. Não se vai arrepender.
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Chocolates Regina
Nasceram em 1927, com o nome de Fábrica de Chocolates Regina, e fizeram a delícia de milhares e milhares de Portugueses. Hoje, a marca detida pela Fábrica de Chocolates Imperial, de Vila do Conde, está pujante e os chocolates estão cada vez mais em alta. A Regina, da Imperial, vai por isso relançar a máquina de furos que fez furor nos tempos da juventude de muitos de nós.
E vamos lá fazer um furinho e desejar que nos saia a bolinha dourada.
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Os Putos da Ribeira
Os meninos do rio já estão outra vez em filme. Depois de em 1942 Manoel de Oliveira os ter filmado em “Aniki Bobó”, uma parceria entre A Associação de Bares da Zona Histórica do Porto com o Governo Regional de Zaragoza e a Riot Films, trouxe o realizador espanhol Javier Macipe Costa para filmar os putos que continuam a saltar da Ponte Luis I para o rio, numa história em que um deles vive amargurado por não poder fazer o mesmo. A rodagem aconteceu durante o mês de Setembro.
Como nos é evidente, vão fazer imensa falta, pela saudade que eles nos trazem, alguns dos diálogos do filme de Manoel de Oliveira, rodado nas zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia, que fizeram a delícia de muitos de nós. Lembro-me de dois, lindos.
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Um – Junto à montra da Loja das Tentações, onde estava uma boneca em exposição.
Carlitos – Góstas da bonécá?
Terezinha – Gósto
Carlitos (com um olhar comprido e determinado) – Amanhã dar-ta-á-la-ei
Terezinha (sonhadora e com um sorriso de felicidade) – Sim, amanhã dar-ma-á-la-às
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Outro – A jogar aos polícias e ladrões (pesadelo de Carlitos)
Voz de um dos miúdos – Anikibébé – Anikibóbó – Passarinho Tótó – Berimbau – Cavaquinho – Salomão – Sacristão,Tu és polícia (o que fala apontando para um dos catraios), tu és ladrão (a mão apontando para o Carlinhos)
Carlinhos (atormentado pela culpa de ter surripiado a boneca ao lojista) – Não, Não, eu não quero ser ladrão, não me chames mais ladrão (e fugindo a sete pés).
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Saudades de outros tempos que por certo não apagarão a vontade de ver este novo filme, quando se vier a estrear.
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Casa das Artes
Para quem se arroga ainda no direito de dizer que a cidade do Porto tem um défice de cultura, aqui vem mais uma resposta de luva branca. Reabriu hoje a Casa das Artes nos jardins do Palacete Visconde de Vilar D’Allen..
Cerca de dez anos depois de ter sido fechado , o projecto que deu a Souto Moura o seu primeiro prémio, reabriu ao público.
A Direcção Regional de Cultura do Norte vai gerir o espaço, sendo que as sessões de cinema, três a quatro por semana terão a direcção do Cineclube do Porto.
No dia 24, a Ordem dos Arquitectos – Secção do Norte organiza no local o seminário internacional “A Cidade resgatada – Reabilitar a cidade (re)desenhando-a”, durante o qual será anunciado o resultado do concurso internacional de ideias para o quarteirão da Aurífica, no Porto.
O teatro também terá lugar nesta Casa das Artes. No dia 26 de Outubro estreia O vosso pior pesadelo do Teatro Art’imagem, uma peça de teatro de Manuel Jorge Marmelo com encenação de José Leitão.
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Um prazer de ler, este teu abençoado “bairrismo”
É um prazer saber-te por aqui. És um amor, Alexandra. Obrigado.