CELEBRANDO VINICIUS DE MORAES – 13 – por Álvaro José Ferreira

Imagem1Nota prévia:

Para ouvir os poemas de Vinicius de Moraes (os recitados e os cantados), há que aceder à página

EPITÁFIO
Poema: Vinicius de Moraes (in “Poemas, Sonetos e Baladas”, São Paulo: Edições Gavetas, 1946; “Antologia Poética”, Lisboa: Círculo de Leitores, 2004 – pág. 181)
Recitado pelo Autor (in 2LP “Antologia Poética”, Philips, 1977, reed. Universal, 2000, 2001)
Aqui jaz o Sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde

O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.

Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que

Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.

Oxford, 1939

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Capa do LP “Canção do Amor Demais”, de Elizete Cardoso (Festa, 1958).
É considerado o disco fundador da bossa nova.
Poesia de Vinicius de Moraes.
Música de António Carlos Jobim.

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Capa do LP “Pery é Todo Bossa”, de Pery Ribeiro (Odeon, 1963).
Inclui a primeira versão editada em disco da canção “Garota de Ipanema”. Posteriormente gravada por inúmeros artistas (brasileiros e estrangeiros, entre os quais Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Diana Krall e Amy Winehouse) tornou-se a segunda canção mais tocada no mundo (a primeira é “Yesterday”, dos Beatles).

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Heloísa Pinto (n. 1945), hoje conhecida por Helô Pinheiro: a verdadeira “garota de Ipanema” que, em 1962, então com 17 anos de idade, inspirou Vinicius de Moraes e António Carlos Jobim.

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Três anos mais tarde, Vinicius revelou à revista “Manchete” a identidade da musa inspiradora:
«Seu nome é Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, mas todos a chamam de Helô. Há três anos, ela passava, ali no cruzamento de Montenegro e Prudente de Morais, em demanda da praia, e nós a achávamos demais. Do nosso posto de observação, no [bar] Veloso, enxugando a nossa cervejinha, Tom e eu emudecíamos à sua vinda maravilhosa. O ar ficava mais volátil como para facilitar-lhe o divino balanço do andar. E lá ia ela toda linda, a garota de Ipanema, desenvolvendo no percurso a geometria espacial do seu balanceio quase samba, e cuja fórmula teria escapado aos Egípcios, teria escapado ao próprio Einstein; seria preciso um Antônio Carlos Jobim para pedir ao piano, em grande e religiosa intimidade, a revelação do seu segredo. Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro e fez de nossa querida Ipanema uma palavra mágica para os ouvintes estrangeiros. Ela foi e é para nós o paradigma do broto carioca: a moça dourada, misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça mas cuja visão é também triste, pois carrega consigo, a caminho do mar, o sentimento do que passa, da beleza que não é só nossa – é um dom da vida em seu lindo e melancólico fluir e refluir constante.»

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Heloísa Pinto casou-se em 1967 com o engenheiro Fernando Pinheiro convidando António Carlos Jobim para padrinho de casamento.

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Capa do LP “Garota de Ipanema” (Philips, 1967).
Banda sonora do filme homónimo, realizado por Leon Hirszman, com Márcia Rodrigues no papel da protagonista (imagem infra).

 

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Márcia Rodrigues contracenando com Chico Buarque no filme “Garota de Ipanema” (C.P.S. Produções Cinematográficas / Saga Filmes, 1967).
Argumento de Eduardo Coutinho, Leon Hirszman, Glauber Rocha e Vinicius de Moraes.

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