Em 2010 descobriram-se mais de 200 mil imagens de crianças envolvidas em actos sexuais numa casa perto de Toronto. E as forças policiais organizaram a operação “Project Spade. Daí resultou a detenção de professores, médicos, enfermeiras, pastores e padres e pais adoptivos, num total de 348, do Canadá, dos EUA mas também da Austrália, Espanha e México.
E quanto a crianças foram 386 as que foram resgatas. Tratava-se de meninas pré-adolescentes mas algumas de cinco anos. Como foram imagens publicadas na internet, elas podem continuar a circular para sempre. Assim, o abuso sexual não acabou, continua cada vez que as imagens são encontradas. E este é um facto que irá continuar a afectar no futuro traumaticamente estas crianças que já tanto o foram.
Tratava-se de um site que já está desactivado. Algumas informações apontam para um rendimento por ano 3,8 milhões de dólares (cerca de 2,8 milhões de euros).
Mas uma organização, a “Terra de Homens”, decidiu ser mais activa. Colocou na internet a imagem de uma menina filipina de 10 anos. Só que era uma imagem virtual.
E assim se obteve a resposta de “predadores sexuais” que, para a verem em actos sexuais via câmara lhe ofereciam dinheiro. E não foram nem um, nem dois, nem três, foram dezenas de milhares de pedófilos! E de 65 países diferentes. Tendo sido identificados, os dados foram fornecidos à Interpol. Entre os pedófilos apanhados nesta operação encontram-se três portugueses.
Os responsáveis da “Terre des Hommes” consideram isto como “turismo sexual por webcam”. E calculam que, em qualquer momento, 750 mil predadores pedófilos estão on-line na internet. Sentem-se indignados por as autoridades, com os meios de que dispõem, não conseguirem “apanhar” mais criminosos.
Esta “operação” tem gerado controvérsia. O método utilizado pela ONG levanta dúvidas à justiça de vários países. Porque, segundo alguns juristas quando ocorre um crime de abuso sexual de uma criança, pressupõe-se que exista uma vítima. E neste caso não há verdadeiramente uma vítima, há um desenho virtual…
Os argumentos foram vários, custa-me a percebê-los. Mas o facto é que as autoridades poderão utilizar a informação obtida para, de alguma forma “andar em cima” das pessoas indicadas.
Em Portugal a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, informou que iria centralizar no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) a investigação dos crimes sexuais cometidos contra crianças através da internet e de outros meios informáticos, nomeadamente os crimes sexuais comunicados às autoridades portuguesas por outros países ou entidades não-governamentais estrangeiras, como é o caso das que gerem motores de busca e redes sociais. Isto porque há necessidade de a obtenção de provas ser feita em tempo útil.