PEVIDE – por Fernando Correia da Silva

Um Café na Internet

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Ilustração – cartoon de João Abel Manta

Nas revistas e nos jornais, nas emissoras radiofónicas, nos teatros e nos cinemas, o lápis azul e a tesoura da Censura prévia cortam os textos e as imagens fora de prumo, há regras a cumprir, safanão a tempo. Nas livrarias, a polícia apreende os livros subversivos, há regras a cumprir, safanão a tempo.

Se abandonados à liberdade, os homens logo se convertem em libertinos. Eu, António de Oliveira Salazar, reforço a proibição das greves e em 1933 fundo a PVDE – Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Agentes italianos e depois uns alemães, com as suas técnicas, virão ajudar-nos a torná-la mais eficaz. Uns engraçadinhos dão-lhe a alcunha de PEVIDE mas rapidamente a PVDE estende uma rede de informadores de norte a sul da Nação, nas cidades, nas vilas e até em aldeias. É fácil, muita gente ambiciona ganhar mais uns tostões. Os engraçadinhos não vão escapar, ai não vão!

A função primeira da PVDE é prevenir as tentações de libertinagem, é intimidar não só os ímpios e os incautos à beira da impiedade, mas também os respetivos pais, e cônjuge, e filhos, e irmãos, e colegas, e amigos, todos os que estejam em perigo de contágio. Subversão é peste, há que meter a Nação em quarentena. E meto!

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