PRECÁRIOS INFLEXÍVEIS – MILITARES MATAM GREVISTAS NO CAMBOJA

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3 de Janeiro de 2014 

Em Phnom Pehn, capital do Cambodja, há neste momento 350 mil trabalhadoras e trabalhadores em greve exigindo um aumento do salário mínimo de 58,7€/mês para 117,4€/mês. Hoje os militares abriram fogo real sobre os manifestantes em greve perto da fábrica Yak Jin, matando pelo menos três pessoas. O porta-voz das forças armadas declarou que como a polícia estava preocupada com a segurança, “teve de abrir fogo”.

CAMBODIA-PROTEST/

A greve dura há vários dias e ontem as forças armadas foram enviadas para Phnom Penh para dispersar o protesto. ”Se deixarmos a greve continuar, isto tornar-se-á a anarquia”, disse o porta-voz das forças militares à France Press. Os trabalhadores e trabalhadoras do vestuário, uma indústria que no Cambodja dá 3,67 mil milhões de euros de lucro anualmente, principalmente a empresas multinacionais europeias e americanas, exigem ao governo a duplicação do salário mínimo. O Ministério do Trabalho propôs aumentar o salário para 73,35€/mês, recusando a reivindicação dos grevistas, de 117,36 €/mês. “Não haverá mais negociação, uma vez que o ministério decidiu aumentar o salário mínimo para 100 dólares [73,35€] por mês”, disse um porta-voz do ministério. Há notícia de pelo menos 10 detidos entre os grevistas, que mantêm a sua luta. Hoje começou uma vigília pelos mortos pelas forças armadas.

O envio de unidades militares para reprimir manifestações é a regressão total no direito ao protesto, é a violência do Estado dirigida aos trabalhadores na miséria e que lutam para sair dela.

A manutenção de forças de trabalho dóceis, baratas até ao nível da escravatura e disponíveis para aceitar a miséria é o objectivo das grandes empresas que deslocalizam a sua produção para países onde as forças armadas e as forças políticas se disponibilizam para esmagar a população na procura de “investimento estrangeiro”. A precarização da força de trabalho é uma realidade globalizada e mundial, assim como é a luta internacional de trabalhadoras e trabalhadores precários, desde Portugal até ao Bangladesh, desde os Estados Unidos até ao Cambodja. A violência patronal e a utilização de todas as armas, até mesmo a morte, a perseguição e a tortura, fazem parte desta luta que pretende manter a exploração máxima, amplificá-la em todo o lado e subjugar à vontade dos 1% a massa trabalhadora que faz tudo funcionar.

A worker throws a stone after clashes broke out during a protest in Phnom Penh

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