RETRATOS COM HISTÓRIAS – SOPHIA DE MELLO BREYNER – POR EDUARDO GAGEIRO

retratos2

Diapositivo25

Sophia de Mello Breyner. 1964. “É uma fotografia já exposta, com os carrinhos do Miguel (Sousa Tavares) no parapeito da janela

Em 1964, ao receber o Grande Prémio de Poesia da então Sociedade Portuguesa de Escritores pelo seu “Livro Sexto”, Sophia traçou (“Arte Poética III”) a condição inseparável da dimensão ética e da dimensão estética da poesia, conciliando, ao longo da sua obra, a grande harmonia entre a teoria e a prática poética. Definindo a poesia como a “arte do ser”, a sua formação católica passou pela influência de Teilhard de Chardin, circunstância que se reflecte também na sua prosa (veja-se “Contos Exemplares”, por exemplo). Ficou famosa a sua “Cantata da Paz”, canção de intervenção dos chamados Católicos Progressistas, também conhecida pelo refrão «Vemos, ouvimos e lemos. 

Não podemos ignorar!». A sua participação cívica é conhecida e, em 1975,foi eleita para a Assembleia Constituinte numa lista do Partido Socialista. Foi a primeira mulher a receber o Prémio Camões, em 1999, tendo-lhe sido outorgado, entre muitos outros reconhecimentos, o Prémio Rainha Sofia em 2003. A fotografia de Gageiro reproduz fielmente a oficina da grande escritora e os elementos de que não prescindia: o chá, o cigarro, os livros. E a janela aberta para o jardim da sua casa na Travessa das Mónicas, na Graça, sugere a imediata relação do poema com o mundo, aspecto essencial da sua poética. (MS).

Leave a Reply