NOVO LIVRO SOBRE A OBRA DE JOÃO DOS SANTOS: “A SAÚDE MENTAL INFANTIL EM PORTUGAL – UMA REVOLUÇÃO DE FUTURO” por Clara Castilho

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No passado dia 30, no Centro Doutor João dos Santos – Casa da Praia, ocorreu o lançamento do novo livro de Maria Eugénia Carvalho e Branco – A Saúde Mental Infantil em Portugal – Uma Revolução de Futuro. Clara Castilho estava lá, ou melhor, está lá, pois é Vice-Presidente da Direcção  do referido Centro. Posição privilegiada para nos contar como foi esta apresentação.

Imagem1Local de habitual trabalho com crianças em pequenos grupos, a Casa abriu as portas, tirou as mesas do refeitório, alargou-o a uma sala de trabalho e  assim pode receber os muitos convidados que ali acorreram. É uma Casa aberta a estas iniciativas, num espírito de partilha e de inserção na comunidade. Na assistência muitos discípulos de João dos Santos, muitos admiradores da sua Obra. A apresentar o livro, o psicanalista António Coimbra de Matos e o pedopsiquiatra e presidente da Direcção da Casa da Praia, Pedro Strecht.

Maria Eugénia Carvalho e Branco foi professora de Filosofia e Psicologia do ensino secundário. Colaborou, como professora convidada, com a Faculdade de Teologia — Braga, e com a Universidade236-319-large_leohite do Minho. Licenciou-se em Filosofia, pela Universidade Clássica de Lisboa, depois em Teologia, pela Universidade Católica Portuguesa — Braga. Aventurou-se no estudo da Obra de João dos Santos, tendo-se tornado Mestre em Educação – Área Especialização em História da Educação e da Pedagogia — em 1999, pela Universidade do Minho e posteriormente Doutora em Educação, Área do Conhecimento em História da Educação, em 2007, também pela Universidade do Minho.

A minha relação com ela data da altura em que se dedicou profundamente – digo profundamente – e como mais ninguém, ao estudo do Mestre. Vivia ela em Braga e passámos horas ao telefone, enviei-lhe resmas de textos. Até que teve que ir mais longe, e com autorização da família de João dos Santos, passou horas – somadas darão anos? – a estudar o seu espólio na Biblioteca Nacional. Daí resultaram dois livros: João dos Santos Saúde Mental e Educação,2º Edição,2010 e Vida Pensamento e Obra João dos Santos, 2º Ed. Revista, 2013, ambos da Editora Coisas de Ler.

Agora, com o novo livro ela volta a João dos Santos, ressaltando a articulação dinâmica com a Educação, a Escola, a Sociedade e a Cultura, como da criação de uma espantosa obra fundacional de instituições e serviços, motivando para isso colaboradores, que formava e dirigia, e que em trabalho de equipa se dedicavam à defesa da maternidade e da primeira infância, da adolescência e da deficiência.

Comecemos pelas palavras de António Coimbra de Matos:! “ É um livro com grande elegância de estilo e riqueza de conteúdo. Sente-se um encantamento face à empolgante transmissão do que foi o homem e a obra que João dos Santos nos legou. […] Tudo se liga na rede de afectos, desde os mais viscerais, aos mais sublimes – a emoção amorosa e estética que brota da alma. […] Ficamos com a esperança de sermos tão humanos como João dos Santos o foi.”

Pedro Strecht ressaltou aspectos importantes do livro, pegando na inquietação da autora no que diz respeito ao facto de se não estudar em Portugal a Obra deste psiquiatra, psicanalista, pedagogo, humanista. Com a honrosa excepção de Maria Eugénia Branco. E, com a vergonha, para os estudiosos portugueses, de estar a ser analisada no Brasil, na Universidade Federal do Ceará.

“Com o livro da Maria Eugénia fecha-se com chave de ouro o ano de 2013, centenário do nascimento de João dos Santos, ano não só de recordação mas também de actualização e impulso da sua vida e obra.” Falando do período em que João dos Santos foi proibido de trabalhar em Portugal e foi para Paris (1946), fez a ponte com a vida cultural da época, evocando Paul Éluard. Comparando com os anos difíceis que atravessamos, em que a doença mental é dos últimos aspectos a ser contemplado com verbas para ajudar quem dela sofre, e prevenir que a ela não se chegue, terminou: “Cada esforço (que tantas vezes sentimos em vão) traz um pouco mais de riqueza a um tesouro que em nada o mundo poderá negar. Essa foi a luz de João dos Santos. Essa é a luz da escrita e obra de Maria Eugénia). Ou, usando as mesmas palavras finais do poema de Paul Éluard:

” Do meu coração nada afastei : antes o reforcei.

 Por amor, tudo criei: o que é real e o que é imaginário,

Dei razão de ser, dei forma, dei calor

E o papel imortal àquela que me ilumina”.

Maria Eugénia, obrigada pela sua luz, pelo seu calor”.

Sim, todos beneficiamos com as obras desta autora. Lê-la, é também ler João dos Santos, é percebermo-nos a nós próprios. E percebendo-nos, é perceber e poder ajudar quem de nós precisa.

1 Comment

  1. tive muita pena de não ter podido ir, mas li o artigo e fiquei mais”refrescada” pedagogicamente. João dos Santos é uma referência para mim enquanto pessoa e pedagogo. É realmente pena que já não se estude João dos Santos, pois muito poderia mudar em termos de educação

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