“Dear Lady, Tapping At Your Door…”, por Robert Louis Stevenson – por João Machado.

livro&livros1

Neste espaço que matinal e diariamente dedicamos ao livro em abstracto e como entidade substantiva, e igualmente aos livros em concreto, às obras que o mercado editorial vai apresentando, falamos também deImagem2 autores (sem os quais não poderia haver livros…). Hoje o Livro & Livros é dedicado ao grande escritor escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), um  dos autores mais lidos em todo o mundo. Os romances Treasure Island e The Strange Case  of Dr. Jekyll and Mr. Hyde são as suas duas obras mais representativas e continuam a ter edições sucessivas que encantam gerações após gerações. Mas há uma faceta menos conhecida da sua obra – a sua poesia. Escrita num excelente inglês, encanta quem apenas conhecia a sua produção como ficcionista. Aqui vos trazemos um exemplo: Dear Lady, Tapping At Your Door, numa tradução de João Machado.

“Dear Lady, Tapping At Your Door…”

Dear Lady, tapping at your door, 
     Some little verses stand, 
And beg on this auspicious day 
     To come and kiss your hand.

Their syllables all counted right 
     Their rhymes each in its place, 
Like birthday children, at the door 
     They wait to see your face.

Rise, lady, rise and let them in; 
     Fresh from the fairy shore, 
They bring you things you wish to have, 
     Each in its pinafore.

For they have been to Wishing-land 
     This morning in the dew, 
And all your dearest wishes bring -- 
     All granted -- home to you.
 
What these may be, they would not tell, 
     And could not if they would; 
They take the packets sealed to you 
     As trusty servants should.

But there was one that looked like love, 
     And one that smelt like health, 
And one that had a jingling sound -- 
     I fancy it might be wealth.

Ah, well, they are but wishes still; 
     But, lady dear, for you 
I know that all you wish is kind, 
     I pray it all come true.

 
“Querida Senhora, a bater à sua porta...”
 
Querida Senhora, a bater à sua porta,
Estão uns versinhos a aguardar,
Que neste dia auspicioso lhe pedem
Para entrar e a sua mão beijar.

Com as sílabas bem contadas
Todas as rimas bem colocadas,
Tal crianças num aniversário, logo a chegar,
Pretendem o seu rosto avistar.

Erga-se, senhora, e deixe-os entrar;
Directamente do reino das fadas,
Trazem coisas que deseja desfrutar,
Todas elas bem embrulhadas.
 
Note que estiveram no País dos Desejos
Hoje mesmo, com o orvalho da madrugada,
E trazem os vossos melhores desejos –
Todos concedidos – e postos na sua casa. 
 
O que quer que sejam, não são revelados,
Não poderiam, mesmo que quisessem;
Levam-lhe os embrulhos bem selados
Tais como fiéis criados o fizessem.

Mas havia um que parecia amar,
E outro cheirava mesmo a saúde,
E mais um com um som a rimar –
Fez-me sonhar com um tesouro.
 
Pois bem, cada verso para já é apenas um desejo;
Mas, querida senhora, como eu bem sei
Que tudo a que aspira é benfazejo,
Que todos se tornem realidade.
 (Tradução de João Machado)

1 Comment

  1. Parabéns , João Machado, pela escolha de versos tão delicados e gentis, coisas que nos fazem tanta falta e que você tão fielmente recriou.
    Obrigada! E que o seu dia tenha a leveza e a beleza desses versos que nos deu..
    abraço da
    Rachel Gutiérrez

Leave a Reply