UMA CARTA DO PORTO – Por José Magalhães (34)

CARTA DO PORTO

FUI TURISTA NA MINHA CIDADE

Tem dias em que a vontade que me dá é a de passear pela cidade e fazer coisas diferentes. Na segunda-feira passada, foi um dia assim.
Aproveitei o último dia das férias da Páscoa do meu filho mais novo, e uns dias de férias da minha mulher, e saímos em família, a redescobrir o Porto.
Havia coisas que já não fazíamos há muito tempo, e o sairmos em conjunto, era uma delas.
Fomos “dar uma de turistas” na nossa cidade.
Saímos não muito cedo. Ainda não eram dez horas da manhã, e já estávamos na rua. Dirigímo-nos ao Parque da Alfândega, onde parámos o carro.
E aí, começámos a nossa aventura.
Com tantas coisas para ver, sabíamos que dificilmente poderíamos ver tudo. Teríamos de fazer escolhas e deixar muita coisa para trás. E assim foi!
Começámos a nossa caminhada em direcção a poente. Estávamos a poucas centenas de metros de Massarelos. Passámos pela Alfândega, pela casa onde nasceu Tomaz António Gonzaga (Poeta, Miragaia, 11 de Agosto de 1744 – Moçambique, 1810) que fica paredes meias com o novíssimo parque temático “World of Discoveries”, pela ponte que construíram no tempo de Fernando Gomes (viaduto do Cais das Pedras) e fizemos a primeira paragem à porta do Museu do Carro Eléctrico. Optámos por não entrar antes de subirmos a Rua D. PedroV e de descermos pelos caminhos do Romântico, o que fizemos. Foi um erro porque depois, acabámos por não visitar o Museu. Ficará para a próxima oportunidade.
Assim subimos D. Pedro V e entrámos nos caminhos do Romântico a meio da subida, através da viela do Picoto. Chegamos às traseiras da Faculdade de Letras, e continuámos a descer por vielas estreitas e acolhedoras.

Vista da rua do Bicalho e da Ponte da Arrábida
Vista da rua do Bicalho e da Ponte da Arrábida

Chegados à Rua do Bicalho, já quase no rio, enquanto olhávamos a ponte da Arrábida e o mar, pensámos em subir de eléctrico até ao Carmo. Como o amarelo estava já à nossa espera e só iria haver outro meia hora depois, resolvemos não ir ao Museu e entramos no eléctrico.
Já há muitos anos que não andávamos nestes carros, e que saudades já tínhamos. Lentos, ronceiros, iguais ao que me lembrava. A viagem até ao Carmo, soube a pouco, mas soube muito bem.

Carro Eléctrico
Carro Eléctrico

Depois começámos a descida em direcção à Praça. Passámos pela Lello, que estava fechada, pelo Passeio dos Clérigos, onde tomámos café no Costa, e onde se está muito bem.
Descemos e entrámos em São Bento. Sempre e para sempre a mais bela Estação de Comboios do Mundo.
Subimos então em direcção ao tabuleiro superior da ponte Luís I. À nossa esquerda a escarpa muito mal arranjada da Avenida da Ponte, à nossa direita a Sé, a Casa dos 24, a estátua de Viriato e o Mercado de S. Sebastião. Depois a ponte, com a sua vista magnífica sobre o Douro e sobre as cidades que ela une numa só. Só um cuidado a ter, o Metro passa a escasso meio metro de nós.
Do lado de Gaia, está a estação do Teleférico. Entrámos e comprámos os bilhetes para descer até ao Cais de Gaia. Que maravilha de vista sobre o Porto, sobre o rio e sobre Gaia. A ponte Luís I tem uma outra beleza vista do ar.
O Cais de Gaia com os seus inúmeros barcos atracados, uns, maiores, esperando as viagens rio acima até à Régua, ao Pinhão, a Barca D’Alva e até Espanha, outros, mais pequenos, imitando os Rabelos, esperando turistas para as saídas rio acima e rio abaixo, nas visitas às seis pontes. Dos grandes, tive a felicidade de rever os barcos “Pirata Azul” e “Independência” que tão bem conheci nas viagens entre o Funchal e o Porto Santo. Em especial o Pirata, que tantas memórias me traz. Que saudades, quase os não reconhecia de tão modernizados que estão, e com novas cores. Sobre eles escreverei numa das próximas crónicas.

Pirata Azul
Pirata Azul

Estava na hora de almoçar. Tanta oferta, e tão boa, no Cais de Gaia.
Escolhemos um dos restaurante existente no passeio, debruçado sobre o rio. Comida abundante, agradável, saborosa e de preço razoável. O melhor de tudo, a esplendorosa vista sobre a Ribeira do Porto, mesmo à nossa frente, com a ponte de ferro ali à beirinha, e a muralha Fernandina a olhar-nos lá de cima. Os Rabelos turísticos subiam e desciam o rio com o sol a inundá-los de luz e cor.
Acabado o repasto, saciada a fome e com os olhos satisfeitos com a paisagem, fomos em direcção ao tabuleiro de baixo, da ponte, e entramos no Funicular. A subida mostra-nos uma beleza diferente sobre a ponte e sobre Gaia. Poucos minutos dura o percurso, mas vale a pena.
Um senão, para quem não sabe das modificações tarifárias introduzidas há poucos meses. Convém lembrar que, o Andante, que antigamente permitia viajar no Eléctrico e no Funicular, já não o permite, a não ser que se seja portador do cartão de assinatura mensal. Assim, a viagem entre Massarelos e o Carmo, custa dois euros e meio, e se pretender seguir para a Batalha, terá de desembolsar outro tanto. A viagem de Funicular, custa dois euros. São preços para turista, o que se compreende e se aceita. Já agora, a viagem de Teleférico, custou cinco euros, mas se se quisesse ida e volta, teria custado oito euros por pessoa.

Funicular
Funicular

Quando saímos do Funicular, dirigímo-nos à Igreja de Santa Clara, de que já vos falei numa outra crónica. Estava fechada, com muita pena nossa. Fomos então para a Muralha Fernandina, já que ali estávamos.
Mais um local com vistas fabulosas sobre o Porto, Gaia e o Rio Douro. Vemos quatro das seis pontes e vale a pena a visita.
Descemos depois em direcção à Ribeira, pela rua de Mouzinho da Silveira. Devagarinho que as pernas já acusavam o esforço. Ao passarmos pela Praça do Infante ainda pensámos em ir visitar o Palácio da Bolsa e o seu salão Árabe, e também a Igreja de São Francisco e as suas Catacumbas, mas, decidimos deixar essas visitas para outro dia, e assim regressámos ao nosso carro e dirigímo-nos a casa para descansar.
Noutra altura vos falarei dos locais que desta vez deixámos por visitar.

ALMOÇOS E JANTARES

E na quarta-feira fui jantar perto de casa. Já lá não íamos há perto de dois anos e decidimos voltar a ir. Está tudo diferente, o ambiente e as pessoas. Tudo mais agradável, mais bonito e acolhedor. O sr. Jorge Costa, dono do restaurante TASCA DO BAIRRO recebeu-nos com imensa simpatia e a comida que nos serviu, estava bastante boa. Comemos Picanha e Bife da Casa, muito bem confeccionados, depois de uma sopa de grelos soberba. Terminamos com salada de frutas e tarte de caramelo, estando esta, muito, mas mesmo muito boa. No fim, a conta esteve em conta.

Todas as terças-feiras há fado (de Lisboa) e para se poder ir, é necessário marcar com alguma antecedência. A afluência é muita, e o espaço limitado.

Durante a semana, ao almoço, praticam-se preços reduzidos.

Para que esta informação fique completa, informo que a “TASCA DO BAIRRO” fica na Foz do Douro, na rua Srª da Luz, 424, ali mesmo à beira do mar.

Fiquei também a saber que a Tasca do Bairro tem um irmão ali perto, na rua São Bartolomeu, o Petiscos do Bairro, que, dada a qualidade da Tasca, prometi a mim mesmo ir visitar em breve.

 

Tasca do Bairro
Tasca do Bairro

 

WORLD OF DISCOVERIES

O World of Discoveries abre hoje na rua de Miragaia.

A inauguração deste Museu Interactivo, só para convidados, é hoje, quinta-feira, 24 de Abril, ao final do dia.

O espaço, que contará também com um restaurante, “O Mundo dos Sabores”, será um espaço que a todos nos orgulhará, e evoca a época dos Descobrimentos Portugueses.

Quando estiver aberto ao público em geral, a partir de amanhã 25/4, os bilhetes, para a “viagem” que durará entre 45 minutos e uma hora, será de 14€ para os adultos, de 8€ para as crianças dos 4 aos 8 anos, e de 11€ para seniores e para estudantes.

Mário Ferreira, o empresário a quem o Porto e o Douro muito devem, e que também é dono da “Douro Azul”, que opera no Douro com barcos hotel de excepcional qualidade, é o proprietário.

Augura-se uma promissora vida para este Museu, que é uma mais valia para a nossa cidade.

Vídeo acerca do Museu

Vídeo acerca da inauguração

 

    Casa de Tomaz António Gonzaga e World of Discoveries
Casa de Tomaz António Gonzaga e World of Discoveries

 

 

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