UMA CARTA DO PORTO – Por José Magalhães (35)

CARTA DO PORTO

COM A MUDANÇA DOS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES

NOVAS DA NOSSA CIDADE

Há coisas que estão, mesmo, a mudar, no Porto.
Já vamos (os que assim o entenderem, gostarem, e forem bons nesse assunto) poder pintar paredes com murais alusivos seja ao que for, e, quase, seja onde for. Os graffiters que “trabalham” no Porto podem passar a dormir descansados, já que nenhuma brigada da autarquia lhes vai apagar o trabalho, lavando paredes ou pintando-as de branco por cima das pinturas, até agora, ilegais. O executivo de Rui Moreira elevou o graffiti ao estatuto de Arte Urbana, o que outras cidades em Portugal, e no mundo, já haviam feito. Alguns dos considerados melhores graffiters que por cá vão realizando trabalhos (são 22, sendo alguns estrangeiros) têm estado, por estes dias, no edifício Axa, na Avenida dos Aliados, a pintar cinco pisos para uma exposição “indoor”, que se inaugurou ontem, dia 30 de Abril, e que foi organizada pela empresa municipal Porto Lazer. Lamentavelmente, hoje, dia 1 de Maio, o edifício Axa estava fechado, apesar de não ser segunda-feira, e apesar dos milhares de turistas que estavam pela Avenida dos Aliados, fossem eles estrangeiros ou nacionais, embora estes últimos estivessem ali, muito por via das comemorações do 1º de Maio. Esta exposição é já um sinal dos novos tempos que a cidade vive. Para além disto, estão instaladas na Baixa Portuense seis cabines telefónicas grafitadas. Estas “obras de art” estão incluídas no maior evento de Arte Urbana alguma vez realizado no Porto, o “Street Art Axa Porto”.
A Câmara quer “regulamentar a actividade grafiteira”, pelo que propõe, para o efeito, sítios licenciados onde ela possa acontecer. Não pretendendo no entanto, o Presidente da Câmara, condicionar a estética dos “trabalhos” preservando a liberdade de intervenção dos artistas, espera-se que o bom senso impere e que possa haver quem discipline e delimite essa liberdade.

STREET-ART-AXA-PORTO-1000X

Já se pode colocar propaganda política em todo o lado, e por todo o lado, na cidade. As normas de Rui Rio, agora suspensas por Rui Moreira, que delimitavam as zonas da cidade em que podia ser afixada propaganda política, foram motivo recorrente de discussões acesas entre o antigo Presidente da CMP e os deputados municipais do BE e do PCP que existiam na altura.

Já não vamos correr o risco de cair num qualquer buraco do Porto. Os aluimentos que se têm verificado na cidade, sendo que os mais conhecidos foram em Mouzinho da Silveira (já resolvido) e em frente ao Fluvial, devem-se a rios subterrâneos, entubados, que estão em condições precárias. Inspeções às galerias deram nota dessas fragilidades, que a CMP espera resolver a breve trecho, sendo que o aluimento da Rua Aleixo Mota (em frente ao Fluvial) deverá estar resolvido até ao final deste ano.

A Metro do Porto e a STCP anunciaram estar “totalmente abertas e disponíveis” para estudar o alargamento de horários, nas noites de fim-de-semana, defendido pelo presidente da Câmara do Porto, o que será uma medida benéfica para todos. A nossa segurança e a de quem nos visita, e a qualidade dos serviços que a cidade oferece, serão aumentadas.

METRO DO PORTO - AEROPORTO - Uma das principais entradas, para turistas, na cidade.
METRO DO PORTO – AEROPORTO – Uma das principais entradas, para turistas, na cidade.

 

Há outras coisas que também estão a mudar, mas de modo menos radical. Há uma evolução na continuidade (onde é que já se ouviu isto), que tem calado fundo nos habituais detractores das coisas da cidade. Aos poucos temos ouvido cada vez menos críticas aos trabalhos do executivo camarário, se calhar por não se encontrarem motivos para tal. A Câmara está a trabalhar com a qualidade que se esperaria, por certo por não existirem “rabos de palha” do Presidente, nem haver um séquito de personagens apoiantes que esperam a todo o momento a oportunidade de subir mais um degrau, apoiando-se no degrau de cima e pisando o degrau de baixo. A inexistência de uma máquina partidária, tem destas vantagens.

O Porto continua a crescer em termos turísticos, e espera-se que continue esse crescimento durante mais algum tempo. Estará por ventura, na altura de começarmos a pensar na consolidação do que temos, criando ofertas diferentes. E por diferentes, entendo que sejam “coisas” que mais ninguém tenha (como exemplo, o recente World of Discoveries), desde eventos a estruturas. Não esqueçamos que temos dos melhores arquitectos mundiais, e brilhantes pensadores, cientistas e empresários. Será pela diferença e pelo arrojo das ofertas que poderemos manter e até aumentar o nível a que já começamos a estar habituados.

Ousemos pois trabalhar, com o objectivo na diferença e na qualidade.

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4 Comments

  1. Gostei muito do k falastes,gosto do grafite bem feito ele embeleza nossa cidade,aqui onde moro temos bons grafiteiros.Moro no Brasil obrigada

  2. Não sou grande apreciadora do grafite… Mas se for controlado e em espaços que não prejudique a estética de um edifício ou lugar publico pode tornar-se uma arte. A cidade deve ser conservada no seu estado mais genuíno. Cabe à Câmara evitar os exageros.. Estive já em S. Paulo e devo dizer que vi edifícios com grafites
    que o cobriam até ao cimo e eram bem altos. Confesso que não gostei..No entanto estou de acordo consigo quanto ao que o nosso presidente da Câmara tem feito pelo desenvolvimento da cidade.É verdade quecomo bem diz,o anterior não deixou “rabos de palha” o que veio facilitar a sua acção em prol da nossa linda cidade.
    Como sempre gostei muito da forma como elabora as suas crónicas.
    Abraço amigo.
    Eudora

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