Selecção, tradução, montagem e introdução de Júlio Marques Mota
Aos leitores de A Viagem dos Argonautas
Convidámo-los em tempos a virem connosco a Londres, com uma peça intitulada “Uma história sobre Londres, sobre a gente normal, sobre a gente bem especial”. Pois bem, numa viagem muito rápida, recomendamos-lhe uma nova visita, agora curta mas, por favor, não vá de carro no seu Maybach nem no seu Ferrari F-40 , mas de metro simplesmente.
Mas lembre-se bem, lembre-se de que está numa Europa em crise, numa Europa que não tem dinheiro para se proteger dos acidentes naturais, numa Europa que dispõe de todos os meios mas diz que não tem recursos para tratar dos seus doentes, duma Europa que pretende ser espaço de mafias e portanto, numa Europa de gente rica habituada a muito bem roubar e…por favor, não leve então o seu carro Maybach nem o seu F-40, pois pode ter que vir a pé, dado o nível de gangs que vai encontrar!
Coimbra, 18 de Fevereiro de 2014.
Júlio Marques Mota
xxxxxx
Os estrangeiros compraram metade de todas as casas que estavam à venda por mais de 1 milhão de libras em Londres
Foreigners Bought Half Of All London Homes Selling For Over £1 Million
Montagem sobre texto publicados por Tyler Durden em Zero Hedge e do relatório elaborado por Knight Frank.
Zero Hedge, 16 de Fevereiro de 2014
Parte I
Actualmente, de acordo com a primeira estimativa detalhada da actividade de compras internacionais de casas na parte central mais privilegiada de Londres feita por Knight Frank, a percentagem de todas as casas que nesta zona de Londres estavam no mercado a mais de um milhão de libras cada e que foram vendidas aos estrangeiros durante 12 meses até Junho de 2013, foi de 49%, para sermos exactos.
Antes de passarmos à análise do texto de Knight Frank sobre a venda de bens imobiliários de luxo, vejamos o que nos dizem sobre a China.
Um olhar sobre as questões de crédito na China
Os maus empréstimos concedidos pelos bancos chineses aumentaram durante os nove últimos trimestres consecutivamente e atingiram o mais alto nível desde a crise financeira de 2008, mostrando as enormes pressões sobre a qualidade dos activos e sobre o crescimento dos lucros enquanto que a economia chinesa, a segunda economia à escala do mundo, está em desaceleração.
Estes empréstimos aumentaram de 28,5 mil milhões de yuans (US $4,7 mil milhões) no último trimestre de 2013 tendo-se assim atingido a cifra de 592,1 mil milhões de yuans, o valor mais elevado desde Setembro de 2008, afirma China Banking Regulatory Commission, ontem.
O crescimento económico da China está numa posição decrescente devido à existência de uma nova direcção política que está centrada na reforma e na gestão do risco dando grande prioridade ao estabelecimento de uma trajectória de crescimento estável,” disse Wang Yichuan, um analista com base em Wuhan Changjiang Securities co. ” naturalmente os maus empréstimos aumentarão em simultâneo com esta mudanças. Pensa-se que esta degradação irá continuar por mais dois anos.”…
Os investidores temem cada vez mais que os investimentos na China feitos através da ida aos mercados de capitais possam desencadear uma nova crise financeira.
Preocupações com potenciais situações de incumprimento em produtos financeiros de alto rendimento estão a fazer com que as empresas chinesas coloquem algumas emissões de dívida em espera devido ao facto de que os investidores estão a ficar receosos assim como estas podem introduzir um novo risco potencial para a economia global.
Desde Janeiro, nove empresas adiaram ou cancelaram os planos de emissão para um total de 5,75 milhões de milhões de yuans ($ 94,24 milhões) em obrigações e papel comercial, o equivalente a cerca de 2% da dívida emitida no período.
Esta situação é mais pronunciada entre as empresas geridas por entidades privadas, cuja falta de apoio do governo fez com que haja menos interesse de potenciais investidores do que o esperado.
A procura de títulos tem sido prejudicada pelas preocupações sobre os incumprimentos nos chamados produtos de gestão de riqueza, uma característica do sistema bancário sombra da China.
Mais amplos riscos de crédito têm como contrapartida mais elevadas taxas de juro e as diferenças entre a dívida das empresas e os títulos do governo de maior credibilidade está a aumentar . Os rendimentos médios de obrigações de empresas com notação AA a sete anos atingem 8,44% em meados de Janeiro.
Então mesmo se as empresas oferecem títulos, eles não serão capazes de poder levantar o dinheiro pretendido se estas não puderem pagar estas taxas mais elevadas .
Há uma possibilidade de que o governo chinês venha a intervir para evitar que o impacto negativo se espalhe por toda a economia “, diz Hiromichi Tamura, estratega-chefe da Nomura Securities, “mas se estes tipo de atrasos de pagamento continuam, poderão então desencadear uma crise global do mercado de títulos.”
E como nós já mostrámos, consideramos a emissão de créditos na China como equivalente à politica quantitative easing dos Estados Unidos ou do Japão, e tendo bem presente que a utilização de todo este dinheiro criado internamente pela via do crédito tem que finalmente ir para algum lugar – e o algum lugar é neste caso a cidade de Londres e para outros bens imobiliários de luxo globais, pode-se presumir, então, que a taxa acima referida tem tendência para subir ainda mais. Especialmente quando aos chineses adicionarmos os russos, as gentes do Médio Oriente e de outras várias regiões cujos oligarcas estão desesperados por colocar o seu dinheiro em abrigos “seguros”.
E assim podemos perceber como é que os problemas na China se podem eventualmente colocar em Londres e no seu imobiliário de luxo, exactamente como se descreveu na peça “Uma história sobre Londres, sobre a gente normal, sobre a gente bem especial”.
(continua)
______
Ver em: