UMA CARTA DO PORTO – Por José Magalhães (39)

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SOU BAIRRISTA

O amor à cidade do Porto, não se explica, sente-se. Mas, só percebe o que se sente, quem cá vem, quem nos visita, e nos olha com “olhos de ver”.
Às vezes, muitas vezes, dá-me uma coisa assim. Uma vontade imensa, quase incontrolável, de dizer palavras bonitas sobre o Porto. E vou verificando que, como eu, há já muita gente a apetecer-lhe fazer o mesmo.
Ser bairrista não é defeito.
Amo a minha terra, as minhas gentes, os meus lugares, os meus falares e as minhas coisas. Gosto de escrever sobre o que temos de belo, o que temos de bom e o que temos de diferente e que nos torna únicos.
Para mim, a minha cidade é a mais bela do mundo, as gentes que a habitam são as mais hospitaleiras e simpáticas que há no meu País e arredores, os lugares que temos são os mais belos e com melhores paisagens que se podem encontrar em Portugal, temos um dos melhores e mais completos clubes desportivos do mundo, temos um dos melhores vinhos do planeta, temos tripas, francesinhas e bacalhau à Gomes de Sá, temos campo e rio e mar, temos sol e temos bruma, diferentes de outros quaisquer que o mundo tenha, temos monumentos belos e únicos, mesmo que alguns estejam desaparecidos ou escondidos em lugares “estranhos”, e tudo junto faz da minha cidade a melhor cidade que o mundo tem para se viver. Por tudo isso, turisticamente, somos o melhor destino europeu pelo segundo ano consecutivo.
Por isso, deixemo-nos de tretas, ser do Porto e viver na sua terra é o melhor benefício que alguém pode ter.
Ser bairrista é bom, se tivermos a sorte de o ser na cidade do Porto, ou na sua área metropolitana. Sem qualquer desprimor, como será evidente, para outra qualquer terra que haja por esse planeta fora.
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OUSEMOS!

Nestes últimos dias, nos jornais, apareceu a notícia de um desafio feito a Arquitectos e a alunos de Arquitectura, pelo Laboratório de Habitação Básica, no sentido de arranjarem forma de valorizar a escarpa das Fontaínhas. Foi também lançado concurso público para a consolidação da escarpa, obra orçada em 2,1 milhões de euros e com prazo de execução de 10 meses. Esse espaço, esquecido durante anos pelos sucessivos governantes e responsáveis pelas directrizes da Câmara, está assim em vias de poder ser arranjado e recuperado para a cidade, deixando de ser uma área que os Portuenses visitam por alturas do S. João, como que por obrigação, e que esquecem no resto do ano, abandonando-a à sua pouca sorte.
A zona a intervencionar, e objecto deste estudo/proposta (a ser eventualmente executada depois de discutido pela cidade, se houver dinheiro e se acabarem por chegar a alguma conclusão) já foi objecto de estudos anteriores (para um espaço maior do que o que se fala agora) e de vencedores de concursos de arranjos da área. Sem que alguma coisa, alguma vez, tivesse acabado por ter sido feita.
Desta feita só se fala de algumas centenas de metros, entre pontes. Entre aquela de que ninguém quer ser responsável pela manutenção (ponte do Infante), e a outra que já ninguém utiliza, e que por falta de arranjo, qualquer dia, só lhe falta cair (ponte Maria Pia).
De entre as várias propostas que foram entretanto apresentadas, e das quais, a notícia do jornal dá conta, uma há que se destaca pela ousadia.
Esta ousadia faz-me recordar o que, em 2007, escrevi, em carta aberta ao então Presidente da Câmara, Dr. Rui Rio, publicada num jornal do Porto, sobre a ousadia que entendia devermos ter na nossa cidade.
Temos que trazer para cá cada vez mais turistas nacionais e estrangeiros … //// … e isso só se consegue com a realização de muitos e bons eventos ou a construção de coisas que não haja noutro lado. … //// … Tragam gente de fora para ver coisas que só aqui podem ver, ou para comprar o que só no Porto se possa comprar.
Ora, esta proposta é ousada, como o são, de resto, as outras deste conjunto agora apresentado. Mas permitam-me destacar esta, e depois leiam AQUI, a apresentação de todas.
E o meu destaque vai por inteiro para a proposta do Arq. António Fontes.
Este estudo encaixa direitinho na minha ideia de uma cidade que tenha para oferecer o que as outras não têm. Que acrescente uma mais valia ao que existe e que chame gente de todo o lado para usufruir de algo novo e inovador. Um ponto de visita obrigatória para residentes e turistas.
Trata-se da construção de uma plataforma sob a ponte do Infante onde poderiam coexistir as mais diversas estruturas, desde jardins a anfiteatros, desde cafés-esplanadas a simples corredores de travessia pedonal entre margens, e onde o convívio e as festas (fossem eles diurnos ou nocturnos), ou a simples observação da cidade, de um ângulo diferente, seriam motivo de constante curiosidade.
Estamos habituados a que muito se diga e se estude, e se projecte, e se proponha, e quase nada se faça, mas seria bonito se desta vez as coisas fossem para a frente.

 

A Ponte do Infante e o ousado estudo/proposta do Arq. António Fontes
A Ponte do Infante e o ousado estudo/proposta do Arq. António Fontes

 

OUSEMOS POIS!

 

 

ESTE FIM DE SEMANA, NÃO ESQUEÇA SERRALVES.

ESTÁ EM FESTA

 

comemorações dos 25 anos da Fundação de Serralves e dos 15 anos do Museu de Serralves – See more at: http://www.serralves.pt/pt/actividades/serralves-em-festa-2014/#sthash.nbxDEBp0.dpuf
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serralves

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7 Comments

  1. Olá Zé… parabéns pela tua esclarecida crónica (mais uma…)
    mas há uma chaga, entre outras, que me chateia à brava… chama-se avenida da Ponte, a começar por
    aquela “anomalia” ao lado da estação de S. Bento, à entrada da Rua do Loureiro… autêntica mancha negra da cidade… parece um buraco negro, uma maldição da cidade… e tantos anos e presidentes de câmara passados e continua tudo na mesma… pior, porque do outro lado a cidade renova-se, Rua das Flores e Passeio das Cardosas… fica a dica. Um abraço Júlio

    1. Olá Júlio, obrigado pela visita e pelo comentário.
      De facto, a Avenida da Ponte tem, já há dezenas de anos, um projecto de Siza Vieira (desde 1968), para o seu arranjo.
      Por alturas da Porto 2001, esse projecto foi revisto pelo Arq. e quase concretizado, mas Nuno Cardoso chumbou-o e meteu-o na “gaveta”, de onde nunca mais saiu..
      Quem sabe se, agora que outros ventos sopram na cidade, esse “desenho”, rearranjado outra vez, ou mesmo como está, não vê a luz do dia.
      Quem sabe também, se um dia destes, não virei a falar do assunto.
      Grande abraço

  2. José Magalhães.
    Como velha Portuense venho dar-lhe os parabéns pala bela crónica e por todo o
    seu carinho pala nossa linda cidade.
    Um abraço
    Maria Helena

  3. Portuense de gema, amando a minha cidade para além dos limites da imaginação, subscrevo na integra tudo o que escreveu na sua crónica.
    Maria Luiza

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