Camões recitado e cantado (II) – 09 – por Álvaro José Ferreira

Imagem4Retrato de Luís de Camões por Fernão Gomes, em cópia de Luís de Resende. Este é considerado o mais autêntico do retrato do poeta, cujo original, que se perdeu, foi pintado ainda em sua vida.

Nota prévia:

Para ouvir os poemas (os recitados e os cantados), há que aceder à página

http://nossaradio.blogspot.com/2014/06/camoes-recitado-e-cantado-ii.html

e clicar nos respectivos “play áudio/vídeo”.

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Poema (soneto) de Luís de Camões (in “Rimas”, edição de 1616)
Recitado por Ary dos Santos* (in LP “Líricas de Camões ditas por Eunice Muñoz e J.C. Ary dos Santos”, Guilda da Música/Sassetti, 1971, reed. CNM, 2010; “Luís Vaz de Camões por Ary dos Santos e Eunice Muñoz”, CNM, 2011)

Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
a grande dor das cousas, que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso dos meus anos;
dei causa a que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
este meu duro génio de vinganças!

Notas:
Fortuna – destino, sorte
Discurso – decurso

* Direcção literária – Alberto Ferreira
Gravado no estúdio da Nacional Filmes, Lisboa, por Heliodoro Pires
Montagem – Moreno Pinto

Erros Meus

Poema (soneto): Luís de Camões (in “Rimas”, edição de 1616)
Música: Alain Oulman
Intérprete: Amália Rodrigues* (in EP “Amália canta Luís de Camões”, Columbia/VC, 1965; LP “Fado Português”, Columbia/VC, 1965, reed. EMI-VC, 1992, Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007; “Amália 50 Anos”: CD “Os Poetas”, EMI-VC, 1989)

Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
a grande dor das coisas, que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
dei causa a que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
este meu duro génio de vinganças!

* Domingos Camarinha – guitarra portuguesa
Castro Mota – viola
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d’Arcos
Técnico de som – Hugo Ribeiro

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