DIA DE ENGANOS, poema e ilustração de ADÃO CRUZ

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Uma gaivota beijando a espuma branca das águas fundas em bailado grandi mestri culminando as chaminés do cabo do mundo.

O barco ao longe só estático no horizonte como eu aqui de olhos fitos nas rochas.

Gaivotas bailando Rossini mascagni massenet sem ponte nem horizonte verdi wagner bizet sobre a espuma da tarde sem dia do dia sem ponte sem horizonte para lá das rochas negras e nuas.

Marcia trionfale dunas de espuma branca abraçando as rochas do meu deserto tão perto do mar imenso tocando as nuvens por dentro de mim.

Alguém me leva nas asas da gaivota por dentro de mim em doce intermezo de rios de sol e mar sem fim.

Alguém me passeia por dentro de ti cavalcate delle valchirie a vertigem avança em turbilhão até planar bailando sobre o coração cravado no sol poente vermelho e quente do sangue que verti.

Bruscamente o prelúdio voando dentro de mim a alma que resta em meditazioni pelo espaço imenso tocando aqui e ali as penas das asas que perdi.

Vesti la giuba viajante da barcarola com ar triunfante va pensiero seguro de quem se apoia nas pedras nuas da orla do mar esquecendo o mar que navega infinito mistério.

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Dia de Enganos, de Adão Cruz, já tinha sido publicado no Estrolabio, no VerbArte, em 14 de Fevereiro de 2011. Vejam em:

http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1036480.html

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