EDITORIAL – O BOM ALUNO E O MAU ALUNO

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Segunda-feira, 4 de Agosto, Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia esteve na Grécia a fazer a sua primeira visita a um estado membro depois de empossado. Numa conferência de imprensa, perante Samaras, o primeiro ministro grego, referiu que a situação em Portugal “continua frágil”. Referiu ainda que a Europa ainda não superou  completamente a crise da dívida na zona euro. Defendeu a continuação do rigor orçamental, e disse que permanece válido na Grécia, como noutros países.

As interpretações das declarações do sucessor de Durão Barroso podem ser muitas, e de diversa ordem. O facto é que a propaganda governamental sobre Portugal ser o bom aluno, ou as declarações de Cavaco Silva de que “aprendemos a lição”, nunca fizeram sentido, e agora ainda menos. Bem podem ufanar-se Passos/Portas das soluções encontradas, mas os problemas vão continuar por resolver, e a voltar a tona nas piores alturas. A separação do BES em bom e mau talvez acalme por algum (pouco) tempo a situação, mas não a resolve. O banco mau vai ser uma fonte de conflitos, até porque os responsáveis pelos desastres ocorridos são gente rija, e com apoios. O banco bom vai ser posto em boas condições e depois será devolvido, talvez não exactamente à procedência, mas a alguém parecido.

Que papel jogará em todo este processo a integração bancária que parece estar em curso na União Europeia? Não deve ser pequeno, pelo menos não devia sê-lo, para quem acredita nas virtudes da integração europeia. Mas parece estar a ser muito discreto. A solução que está a ser dada para o BES será realmente diferente da dada ao BPN, que foi um desastre, mas nada garante que venha a ser melhor. E o grande problema, o controle do sistema bancário português por algumas famílias, que assim pesam desmesuradamente na vida económica nacional, continua por resolver. Claro que não será de grande vantagem que sejam substituídas pelos hedge funds internacionais (será melhor chamar-lhes globais). Mas ele há outras soluções, o problema é que não cabem nas opções ideológicas das forças políticas que se auto instituíram como sendo o arco da governação.

Propomos as leituras seguintes, a propósito do que acabamos de dizer:

http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=4063227&page=-1

http://pt.euronews.com/2014/08/04/juncker-de-visita-a-grecia/

http://www.lemonde.fr/economie/article/2014/08/05/le-credit-agricole-lourdement-touche-par-les-ennuis-de-la-banque-portugaise-espirito-santo_4466814_3234.html

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