“TEATRO WAYANG KULIT DE BALI”- MUSEU DE ETNOLOGIA

A exposição permanente do Museu de Etnologia, em Lisboa, é composta de 7 núcleos. Falaremos hoje de um deles. Pretende a direcção lembra os principais protagonistas que, desde a origem deste museu, definiram as suas linhas de ação e nele cruzam os seus percursos, os investigadores do museu ou a ele associados que no terreno adquiriram e documentaram coleções e os coletores que, por venda ou doação, aumentaram o acervo com as suas recolhas. Procura-se do que os objectos nos podem dizer e que novos diálogos nos permitem despertar, para dinamizar o museu, tornando-o num território vibrante, de pesquisa, actual e futura.

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O teatro de marionetas de sombras é uma tradição antiga na Indonésia, considerado pela UNESCO em 2003, Património Oral e Imaterial da Humanidade. Na ilha de Bali mantém um papel importante no calendário religioso e festivo das aldeias. As apresentações podem ser diurnas em que a finalidade ritual é preponderante, ou nocturnas, em que sobressai a função de espectáculo para a aldeia ou comunidade.

Na versão tradicional o teatro é composto por um conjunto de marionetas cinzeladas em pele bovina; um ecrã (pano), pendurado entre duas varas de bambu, e uma base de tronco de bananeira que serve para espetar os cabos das figuras. Por trás do ecrã, ao centro, está uma lâmpada a óleo, atrás da qual se senta o dalang (marionetista), que tem a seu lado a caixa das marionetas. Atrás, uma orquestra com quatro instrumentos de percussão (metalofones) que produzem ritmos e melodias e marcam a entrada das cenas e personagens. O marionetista levanta as marionetas segurando o punho do cabo que as suporta e manipula os braços das figuras através de duas hastes; conforme a sua mestria consegue mexer em várias marionetas ao mesmo tempo. O público observa o movimento das sombras e dos seus recortes, projectados no ecrã e ouve as vozes que o dalang reproduz. As várias personagens entram em cena, de acordo com a história representada.

O Teatro | Marionetas e Fontes Literárias

As marionetas são reflexos dos deuses e de personagens mitológicas inspiradas no repertório narrativo da religião hindu e pré-hindu. Os deuses ganham vida para manter a ordem e o equilíbrio que estão sob constante ameaça pela simples passagem do “tempo”, kala. Este é personificado em vários demónios e simboliza uma força, benéfica ou maléfica conforme a realização das oferendas rituais.
Duas das principais fontes literárias são os textos hindus Mahabharata e Ramayana.

São contadas várias histórias:

– A de Wayang Parwa que conta a histórias dos três príncipes herdeiros,Dastarasta, Pandu e Widura do reino de Hastina.

– A de Bima Suci que conta a história do conflito entre este e o seu professor.

– A da escolha de marido para a princesa Drupadi, filha do reu Drupada.

–  A da viagem espiritual de  Yudistira que quer ascender ao paraíso.

– A de Calon Arang, viúva com reputação de bruxa, cuja filha não consegue casar, uma vez que todos os pretendentes receiam a sua mãe.

Os objectos são muito bonitos. Mesmo sem sabermos qual a importância destas histórias na vida actual da ilha do Bali, são, certamente, uma influência ainda presente na forma como os seus habitantes encaram a vida e a relação entre eles.

 

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