CLEMENTINA – Poema de Manuela Degerine

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Nunca viste mais gordo, Clementina

Aquele amigo de um amigo aqui

Ao teu lado sentado, convencido

De tamanhas venturas ter valido

Por Nisa e Nazaré, Nagasaki,

Nas praias e à beira da piscina.

 

Não preveniste: é ácido o teu fruto

Clementina

Clementina

Não tiveste a clemência que atina.

 

Aquele amigo de um amigo além

Quer-te a casa levar, mas tu não mentes,

Preferes caminhar, ele persiste

E, apenas no carro, sem mais chiste,

Unhas e dentes, planos evidentes,

Tu mostras fúria e força, idem.

 

Não preveniste: é ácido o teu fruto

Clementina

Clementina

Não tiveste a clemência que atina.

 

Talvez não sejas Hércules, menina

No entanto o amigo do amigo

Solta berros e ais, as minhas costas,

Calculas estas manhas predispostas

Fernão Mendes em tão grande perigo…

Mas chama o 112, Clementina!

 

Não preveniste: é ácido o teu fruto

Clementina

Clementina

Não tiveste a clemência que atina.

Ilustração – quadro de Dorindo Carvalho

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