Se fosse deputado votava contra.
Não cultivo o culto dos mortos, mas mesmo para estes há outras e melhores formas de reconhecer o mérito e prestar homenagem a quem foram e ao que fizeram.
Quando governo, partidos e políticos saltam para a onda da celebração vem junto o odor do oportunismo – é a procura da boleia da glória dos outros em proveito próprio.
Na sua frieza, rapace, até da morte de alguém distinto ou querido se aproveitam.
O panteão nacional nada tem de útil, nele encerram caixões de ossadas (para os cremados bastará a urna das cinzas?) sobre os quais discursam, grandiloquentes, e que, depois, abandonam, até uma próxima ocasião em que julguem que invocá-los lhes possa trazer benefício.
São capazes de dizer o que for preciso com total desprendimento e hipocrisia, sem sentimento, tudo para eles é instrumental e utilitário.
Porque não se calam?
Desta vez a vítima foi Eusébio.
Viva Eusébio, abaixo o Panteão.
Mai nada.