CARTA DE LISBOA – Eusébio fora do Panteão – por Pedro Godinho

lisboa

 

Se fosse deputado votava contra.

Não cultivo o culto dos mortos, mas mesmo para estes há outras e melhores formas de reconhecer o mérito e prestar homenagem a quem foram e ao que fizeram.

Quando governo, partidos e políticos saltam para a onda da celebração vem junto o odor do oportunismo – é a procura da boleia da glória dos outros em proveito próprio.

Na sua frieza, rapace, até da morte de alguém distinto ou querido se aproveitam.

O panteão nacional nada tem de útil, nele encerram caixões de ossadas (para os cremados bastará a urna das cinzas?) sobre os quais discursam, grandiloquentes, e que, depois, abandonam, até uma próxima ocasião em que julguem que invocá-los lhes possa trazer benefício.

São capazes de dizer o que for preciso com total desprendimento e hipocrisia, sem sentimento, tudo para eles é instrumental e utilitário.

Porque não se calam?

Desta vez a vítima foi Eusébio.

Viva Eusébio, abaixo o Panteão.

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