Antes das eleições portuguesas de 4 de Outubro, e depois das gregas, outras eleições são relevantes, também, para Portugal.
A Catalunha vota a 27 de Setembro – Diumenge és l’hora.
Vota pelo direito a votar. Vota pelo direito a decidir. Vota pelo direito a governar-se.
Que direito, democrático, mais básico pode haver que o de dizer – contar – sobre a própria vida, sobre o próprio presente e futuro, sobre como – e quem – querem que governe?
Como pode Portugal – contra a sua história e geografia – escolher o lado do império de Castela?
Tal vai contra o reconhecimento da independência e liberdade que quis para si. Tal vai, também, contra o interesse nacional e do Estado português, que teria a ganhar com o fim da Grã-Espanha.
Razões de liberdade, razões de democracia, razões de solidariedade, razões de nação apelam a ver com satisfação a voz da autodeterminação catalã.
Há medo nas hostes espanholistas, que – como antes foi feito na Escócia – repetem os fantasmas e ameaças, das mais graves às mais ridículas: que haverá uma intervenção militar, talvez mesmo nova guerra civil; que a independência implica a expulsão automática do Euro e da União Europeia; que os bancos abandonarão a Catalunha no dia seguinte; que as pessoas perderão as suas pensões e descontos; que o Barça deixará de poder jogar na Liga espanhola e, quiçá, participar na Champions; que…
Como receiam que os catalães digam de sua justiça.
Proibiram-lhes a consulta popular, o referendo, sobre a independência. Estão aterrorizados com a resposta catalã de criação duma coligação eleitoral nacional – Junts pel Sí – que se apresenta em torno duma plataforma soberanista e a favor da autodeterminação. Com hipótese de vitória e que prometeu, nesse caso, encetar as diligências e o caminho para que o povo catalão possa decidir se quer ser um Estado independente – Catalunya, nou estat d’Europa.
Tanto medo tem Espanha da independência das nações que, ainda, subjuga que pode ser que os povos daquelas percebam a vantagem e força que têm – na ponta do seu voto.
Há mais vontade na Catalunha do que sonha a vã política espanhola.
Catalunha, onde começa e acaba a democracia?
http://aviagemdosargonautas.net/2015/09/11/carta-de-lisboa-catalunha-onde-comeca-e-acaba-a-democracia-por-pedro-godinho/
O direito a decidir, na Catalunha igualmente
http://aviagemdosargonautas.net/2012/11/25/diario-de-bordo-de-25-de-novembro-de-2012/
Votar? Nem pensar, seus libertinos
http://aviagemdosargonautas.net/2014/11/07/carta-de-lisboa-votar-nem-pensar-seus-libertinos-por-pedro-godinho/
E a Catalunha, senhores?
http://aviagemdosargonautas.net/2015/09/04/carta-de-lisboa-e-a-catalunha-senhores-por-pedro-godinho/
O direito a decidir
http://aviagemdosargonautas.net/2012/11/25/diario-de-bordo-de-25-de-novembro-de-2012/
Brilhante. Só quem não é bom Cidadão pode defender a existência do império castelhano. Portugal – e muito bem – não podia ter colónias mas os castelhanos podem? Infelizmente, os partidos políticos que vegetam em Portugal, nunca reclamaram contra a permanência do imperialismo castelhano e doutros que vegetam nesta Europa mas no português só viam fantasmas e atentados à paz.
Oxalá a vontade de ser livre, que anima os catalães, já faça sentir-se nas nossas eleições de 4 de Outubro. CLV