A crise económica em Portugal enviou os portugueses para as praias de antigas colónias em busca de emprego, como é evidenciado numa quantidade de artigos publicados nos últimos anos na imprensa internacional. Ao mesmo tempo, os investimentos de países como Brasil e Angola são cada vez mais importantes para a economia portuguesa. Uma expressão comum entre os portugueses é “500 anos depois, estamos a ser colonizados por eles”, numa referência a esses investimentos na economia portuguesa. Embora seja verdade que os ricos e politicamente poderosos angolanos estão a comprar parcelas de empresas portuguesas, isso não tem comparação possível com a colonização. Os angolanos não estão, por exemplo, a criar colónias em Portugal, nem a alterar a natureza e o caráter das instituições educativas, governamentais e culturais locais. Considerar um “colonialismo invertido” significa transferir o centro da atenção de Portugal ou da Europa para duas ex-colónias, Angola e Brasil. Nesse processo, as necessidades e as histórias de Angola e do Brasil precisam de ser examinadas pelo menos na mesma medida que o declínio económico de Portugal. Essas duas colónias foram sem dúvida a jóia da coroa imperial portuguesa e as relações delas com Portugal nunca foram francamente económicas. Durante centenas de anos Portugal pode ter explorado as antigas colónias através do negócio da escravatura, mas também investiu a sua identidade e as suas fantasias nesses lugares. O simpósio olhará para os entendimentos artísticos contemporâneos da relação colonial, ao nível da produção artística e do desenvolvimento institucional.
Com:
– José Neves (PT)
– Lígia Afonso (PT)
– Manuela Ribeiro Sanches (PT) – Por motivos imprevistos não poderá estar presente.
– Filipa César (PT)
– Nuno Domingos (PT)
Moderação: Marta Lança (PT)
Acesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)