FRANÇOIS HOLLANDE, os migrantes e o código do trabalho
Uma bela hipocrisia presidencial
Yves-Marie Laulan, FRANÇOIS HOLLANDE, LES MIGRANTS ET LE CODE DU TRAVAIL – Une belle leçon d’hypocrisie présidentielle
Revista Metamag, 19 de Outubro de 2015
O nosso bem-amado presidente – trata-se do nosso presidente François Hollande, atira-se contra “os manipuladores” (de direita certamente, porque à esquerda, nunca se manipula) que querem meter-nos medo a propósito dos migrantes cuja multidão se pressiona nas nossas fronteiras.
Ele tem razão, o nosso presidente Hollande. Manipular a opinião pública é uma atitude muito desagradável. De resto, François Hollande, nunca manipulou “o público”. Assim, quando afirmava durante a sua campanha eleitoral que seria um presidente “normal”, não manipulava de forma alguma o seu auditório. Não, de forma nenhuma. Assim quando, mal foi eleito, eis que se que se precipita de noite, em “scooter”, para ir para a alcova da sua bela do momento, e isto não era ainda manipulação (ainda que não se possa naturalmente saber o que realmente se passou durante os seus suaves momentos de redescoberta). Porque, por fim, nada de mais normal para um presidente frescamente eleito do que agir assim. Todos fariam assim, desde de Gaulle a Pompidou, passando mesmo por Chirac. Normal, digo-vos, que sacie as suas necessidades naturais, que tudo o resto que dele depende que pare, mesmo quando se está à frente do Estado. .
Isto, se o nosso presidente “normal” quisesse abrir à larga todas as fronteiras aos migrantes reunidos às nossas portas, não quereria, sem qualquer dúvida, fazer deles a seguir assistidos sociais, futuros desempregados que vivem à pequena semana dos exíguos subsídios do Estado. Não quereria, porque agravaria assim, consequentemente, a montanha de despesas sociais na França e que estão sempre a crescer. Não, o nosso Presidente quereria fazer deles bons trabalhadores produtivos desejosos para darem a sua contribuição para a economia francesa. Tudo isto seria completamente normal, como na Inglaterra onde os migrantes afluem em massa, (a partir de Calais). Porque sabem que poderão aí trabalhar sem quaisquer obstáculos desde que pisem os terrenos de Sua Magestade. Porque é que então não se passam as coisas da mesma maneira em França?
É que em França as coisas se apresentam diferentemente. Não é que não haja trabalho em França. Há em França tanto trabalho quanto se quiser. Mas não é possível para os migrantes, ou mesmo para qualquer sujeito à procura de emprego, entrar livremente no mercado do trabalho. Desempregados eles são, desempregados eles permanecerão.
E porquê? É aqui que o nosso presidente venerável, socialista além disso, poderia fazer sucesso na história económica do nosso país. Poderia mesmo escrever a sua página especial. Mas como?
Para isso, seria suficiente libertar o mercado do trabalho em França e de suprimir ou, pelo menos, de simplificar drasticamente o Código do Trabalho cujo peso e complexidade estrangulam lenta mas certamente toda e qualquer veleidade de despertar o emprego no nosso país.
Mas como realizar este pequeno milagre? A receita é simples. Encontramo-la em todos os relatórios que se sucedem desde há 30 ou 40 anos na França, o último deles, o excelente relatório Gallois. O coração nuclear da problemática do emprego na França situa-se na possibilidade, para o empregador, de despedir livremente, se a necessidade de facto se fizer sentir, e isso o sem estar a fazer-se espancar (Air France) ou sequestrar (Good Year Nord) ou sem estar a pagar indemnizações fabulosas que põem em perigo a situação financeira da empresa.
Mas cada um sabe que os sindicatos e os assalariados, sindicalizados ou não, se opõem a isto e de forma violenta, por vezes. Ora estas pessoas votam socialista no nosso país. Com os funcionários, constituem a base do eleitorado socialista no nosso país. Não é por conseguinte questão, para o nosso François Hollande, de lhes provocar a mais pequena tristeza. Fora de questão, por conseguinte, para o amor de migrantes que de qualquer modo não votarão na França, de proceder à mais pequena reforma que seja do mercado do trabalho. Não está tonto da sua cabeça.
É muito mais cómodo e muito menos dispendioso politicamente, estigmatizar desde Bruxelas a direita egoísta sem nada alterar em seja no que for o Código do Trabalho e do mercado do trabalho.
Porque é isto a verdadeira manipulação “à holandesa”. O nosso François tornou-se um mestre. Quando aos nossos infelizes migrantes, esperarão nas fronteiras. Depois de tudo, estão já habituados. Serão alimentados por belos e generosos discursos, estejam descansados.
Yves-Marie Laulan, Revista Metamag, FRANÇOIS HOLLANDE, LES MIGRANTS ET LE CODE DU TRAVAIL –Une belle leçon d’hypocrisie présidentielle