Temos, por diversas vezes citado a frase de Jean-Jacques Rousseau , em Do Contrato Social, quando diz que um sistema democrático perfeito, com todos os cidadãos a participar na condução dos seus problemas, é coisa de deuses e não de homens- Por seu turno, o matemático e humanista catalão José Luis Sampedro, em entrevista realizada pouco antes da sua morte, afirmava nunca ter existido uma verdadeira democracia, Estaremos então perante uma utopia? Nunca o povo se governará autonomamente?
Teria razão Tito de Morais quando exortou os cidadãos a «deixar a politica para os políticos?» Entre nós e a solução dos nossos problemas, terão sempre de estar tipos que pensam por nós, que resolvem por nós? Quando dizemos que temos o direito de decidir, estamos a sonhar? E são indivíduos como Paulo Portas, que, interpretando os nossos sonhos, tomarão as decisões sobre o que é melhor para nós? Nesse caso, o Salazar tinha razão com aquela endrómina da« democracia orgânica.
E as perguntas não param.
Então, a diferença entre fascismo e democracia reside apenas no facto de os fascistas assumirem que são eles quem manda, enquanto o democratas dizem que mandam em nosso nome, fazendo coisas que são contra os nossos interesses e que tal como os fascistas, são decisões que apenas favorecem uma classe. A questão não é política, mas semântica.