A DOR É… por Luísa Lobão Moniz

olhem para mim

…só dói o que não dói. A ausência da dor não é apenas a falta dela, mas sim a presença de bem-estar, de sonhos realizados, de silêncio, de sorrisos, de crianças.

A ausência da dor é também a felicidade, aquela felicidade que não tem tempo marcado, nem para se fazer sentir nem, para numa nuvem flutuante, desaparecer desfazendo-se num sonho repartido pelos de mais.

Faço, realizo, sonho, sonho o sonho, tenho esperança no dia 24, dia do próximo Presidente da República, nos ideais de Abril e de outros mais que começam a despontar nas identidades perdidas.

O sentimento enche-me a identidade, mas a dor teima e não quer sonhos, quer pesadelos…

As paredes fortes no interior do corpo, a estrutura que me sustém, teimam em brigar, agridem-se e as suas estacas feitas músculos, ficam sem saber o que fazer ou não fazer, de emitir, ou não, sinais de dor…as hormonas entre olham-se e as lágrimas derramam-se devagarinho, em silêncio, invisíveis para quem sabe dessa dor.

A resposta é simples. A dor existe, quer ter espaço, quer ser reconhecida, manifesta-se como se fosse um marginal violento.

A dor é um aviso. Um aviso à vida que também é dor, não porque esta seja inevitável, mas porque tudo tem os seus contrários, não para vinganças, mas porque quer ter dignidade.

Saber ter dor é arte, tão ou mais difícil do que a arte de saber estar, de saber relacionar-se…

Não tem cor, não tem cheiro, não tem classe social, não tem género.

Dor é um substantivo feminino!!

A Língua Portuguesa tem destas coincidências: a tempestade, a dor, a ausência, a paixão….

A dor não é unipessoal, a dor é de quem a tem, a de quem nada tem.

Dor, não. As dores!

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