UMA CARTA DO PORTO: Por José Fernando Magalhães (131)

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O QUARTEL DE SÃO BRÁS – O ESTADO DO PATRIMÓNIO

 

Esquecido e abandonado, o quartel de São Brás, desactivado em 1993 pelo Estado-Maior do Exército, foi construído no mesmo local onde houvera um fortim consagrado ao mesmo santo, nos tempos do Cerco de Porto.

Fora um dos pontos chave da defesa do Porto, por parte dos liberais.

Foi esse fortim que acabou por definir o nome da via que hoje é a rua de São Brás.

Foi quartel da Guarda Municipal, quartel de Transmissões, e em 1963 passou a Casa de Reclusão da Região Militar do Porto, chegando a albergar, durante algum tempo, o espólio do Museu de Etnografia do Porto, oriundo do Palácio de São João Novo. Em 2001, a parada do velho quartel abandonado estava convertida em parque de estacionamento das viaturas apreendidas pela Polícia Judiciária.

A Câmara do Porto tentou, ao longo dos anos, negociar com o ministério a transferência da posse do edifício para o município, mas sem qualquer sucesso.

QUARTEL DE SÃO BRÁS
QUARTEL DE SÃO BRÁS

 

VISTA LATERAL DO QUARTEL DE SÃO BRÁS
VISTA LATERAL DO QUARTEL DE SÃO BRÁS

 

De facto, a partir da data da sua desactivação, várias foram as tentativas de se dar um destino àquele espaço. Em 1997, Fernando Gomes, Presidente da Câmara Municipal do Porto, tentou estabelecer um acordo para a aquisição do quartel, com o Ministério da Defesa, e que passava por abrir o edifício ao movimento associativo da cidade.

Em 2001, um novo acordo quase foi celebrado, para que a autarquia tivesse direito à utilização do espaço, mas nada aconteceu apesar da assinatura de um protocolo de passagem do imóvel para o património municipal ter acabado por ser celebrado em 6 de Dezembro de 2001. A promessa de realização de obras de reabilitação, feita no final de 2001, nunca se concretizou.

O espaço fora também cobiçado pelas juntas de freguesia da cidade, já que em 1994 tinham já feito uma “guerra” para que o quartel não fosse transformado numa cadeia para mulheres. Entendiam que, dessa vez, lá devesse ser criado um ninho de colectividades. No entanto, nenhuma proposta chegou, alguma vez, a avançar.

Em 2004, no dia 28 de Maio, a Escola Carolina Michaelis sugeriu a instalação do Conservatório de Música no mesmo quartel.

Anos depois, vários candidatos à Câmara Municipal sugeriram que o quartel fosse utilizado como um espaço cultural, estando ao dispor de músicos e artistas.

 

INTERIOR
INTERIOR

E no passado ano (2015), aquando da decisão do Governo de alienar o Castelo de São Francisco Xavier (Castelo do Queijo), o Presidente da Câmara Municipal, Rui Moreira, propôs que a Câmara tomasse posse do quartel (as negociações para este espaço já estavam em andamento), assim como do Castelo do Queijo, tentando negociar uma permuta com o Ministério da Defesa (por imóveis da autarquia), mas nada mais se sabe sobre o desenvolvimento deste assunto.

Não é, no entanto, aceitável, que um edifício do Estado esteja neste estado de degradação e sem que se conheça o que lhe reserva o futuro.

PATRIMÓNIO DO ESTADO
PATRIMÓNIO DO ESTADO

 

 

 

 

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4 Comments

  1. Muito bem “esgalhada” esta carta…Quartel de São Brás…que recordações – 1ª , foi neste edifício militar, que fui à inspecção…e fiquei apto…pesava 50 kgs… 2ª lembro-me claramente da Casa de Reclusão…onde nesses anos de 70, ainda estavam presos alguns militares…É confrangedor e revoltante, o estado de degradação do Quartel…mas com o ministério da defesa…é difícil negociar…outro exemplo de abandono é a manutenção militar, em Lordelo do Ouro…tudo abandonado…

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