EDITORIAL – FERREIRA DE CASTRO

Plogo editorialassam hoje 118 anos sobre o nascimento do escritor português José Maria Ferreira de Castro, em Oussela, Concelho de Oliveira de Azeméis (morreu no Porto em 1974). Aos oito anos ficou órfão de pai sendo a sua família muito, pobre, mal aprendidas as primeiras letras, com 13 anos emigrou para Brasil, onde passou pelas experiências mais duras, labutando num seringal na Amazónia. Foi um dos mais celebrados escritores portugueses do século xx.

Dotado de uma invulgar capacidade de efabulação, a vivência desse  período  deu lugar, em 1930, ao seu romance mais famoso – A Selva. Estrear-se dois anos antes com Emigrantes, a gesta  de muitas centenas de milhares de portugueses que, saindo de aldeias perdidas no tempo, desembarcavam em São Paulo ou no Rio e se sentiam como se houvessem chegado a outro planeta. Ainda hoje, esses seres, desenraizados e patéticos, configuram o cliché que sobre os portugueses muitos brasileiros conservam.  

Jorge Amado, que estabeleceu com o escritor português uma  sólida e duradoura amizade, considerou-o um dos seus mestres. Pode considerar-se um neo-realista avant la lêtre, influenciou muitos  dos escritores que vieram depois, sobretudo ao colocar os humildes e os oprimidos como protagonistas das suas obras. Talvez só José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, se lhe possa comparar em quantidade de obras traduzidas e publicadas em línguas estrangeiras. O seu valioso espólio foi por ele legado ao povo da vila de Sintra.

 

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