EDITORIAL – Et par le pouvoir d’un mot

logo editorialSalazar não era homem de muitas palavras, nem apreciava grandes discursos. Mas acreditava no poder da palavra… sobretudo se fosse uma palavra proferida por ele. Os jornais noticiaram no dia 11 de Junho de 1951 e o Decreto Lei n~º38300 Decreto Lei n~º38300,publicado no Diário do Governo de 15 do mesmo mês, acabaria com as colónias em Portugal – passava a haver Províncias Ultramarinas- dizia o decreto que o novo estatuto « Altera as designações do Ministério das Colónias, do Subsecretariado de Estado das Colónias e Conselho do Império Colonial para, respectivamente, Ministério do Ultramar, Subsecretariado de Estado do Ultramar, Conselho Ultramarino».

Em 8 de Maio de 1945, arrefecera a esperança que uma grande parte dos  cidadãos portugueses acalentava em que uma derrota do nazi-fascismo faria cair dos seus poleiros Franco e Salazar. O generalíssimo, que apoiara as forças nazis enviando uma divisão para a frente oriental, a «Divisão Azul», aguentou-se no poder dado que a chamada Guerra Fria e que tinha uma dívida elevadíssima para com a Alemanha, adoptou uma linha de não-beligerância, tardia, enquanto Salazar afirmava que Portugal tinha um regime democrático (a tal «democracia orgânica», com eleições tão livres quanto o eram na  democrática Inglaterra. O Aliados sabiam muito bem que  a «não-beligerância» de Franco e a «democracia orgânica» de Salazar eram moedas cunhadas no eino da aldrabice, mas perante a ameaça de uma hegemonização total da Europa pela União Soviética e a cedência de bases aéreas no território peninsular, davam a Portugal e ao Estado  espanhol o papel de tampão geoestratégico perante o qual o sacrifício de cinquenta milhões de ibéricos nada valia.

Quando a recém criada União Indiana começou a exigir a integração do chamado Estado Português da Índia no seu território, com o apoio da ONU, Salazar tentou repetir o passe de mágica – passou a chamar Província Ultramarinas às colónias. Desta ve, o truque não pegou e em Dezembro de 1961, cerca de 4000 soldados portugueses, pouca resistência puderam opor a 50 mil homens. dotados de blindados e com forte apoio aéreo, que ocuparam o território e aprisionaram  os portugueses. Salazar qualificou-os como «traidores», pois deviam ter morrido e não rendido. O nosso criativo povo, designou o comandante militar, general Vassalo e Silva, por general «vacila e salva». Mas era quase unânime a opinião de que o sacrifício de quatro mil jovens vidas de nada teria valido.

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