EDITORIAL –  REFERENDOS, SONDAGENS, PARTICIPAÇÃO POPULAR

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O referendo britânico de Junho passado, que agora todos designam por Brexit, para além do resultado favorável à saída do Reino Unido da UE, parece dado um grande contributo para a discussão sobre a realização de referendo e a sua importância como mecanismo de expressão da vontade popular. E, sucessivamente, para a discussão sobre outros processos de conhecer a opinião das pessoas, como as sondagens, e sobre os métodos de participação na vida política em geral.

As opiniões sobre o Brexit são muitas e variadas, e será de ter presente o impacto que teve por todo o mundo, não apenas entre os britânicos. Podem-se pôr em causa a oportunidade da sua convocação, as diferentes posições dos eleitores do lado do sim ou do não, o grau de compreensão do que estava em jogo, e também a qualidade da informação disponível. Mas os resultados foram o que foram, e têm de ser aceites pelos responsáveis dos vários lados. Entretanto, é relevante notar a circunspecção (seria melhor dito hesitação?) com que os novos governantes britânicos, em princípio favoráveis à saída da UE, conforme os resultados do referendo, estão a encarar o pôr em funcionamento os mecanismos para efectivar a saída. Isto apesar das pressões dos organismos europeus, cujos responsáveis parecem cheios de pressa em despachar um assunto que não correu da maneira que queriam

Entretanto, no Brasil surgem notícias sobre manipulação de sondagens, envolvendo um órgão destacado da comunicação social. Devemos reconhecer que não foi no Brasil com certeza que factos  destes aconteceram em primeiro lugar. Salientamos isto, não com o objectivo de contentar os brasileiros, mas porque é verdade, e tem sido referido de vários quadrantes  que as sondagens muitas vezes, mesmo que tecnicamente bem elaboradas, constituem um método poderoso de influenciar a opinião pública.

Para rematar, referimos que na Islândia estará em curso, com bastantes dificuldades, é verdade, a elaboração de uma nova constituição em moldes extremamente participados. Será que dele, daqui de Portugal, se poderão tirar alguns ensinamentos para os nossos orçamentos participativos, ainda tão em embrião?

Propomos que cliquem nos links abaixo:

https://theintercept.com/2016/07/20/folha-comete-fraude-jornalistica-com-pesquisa-manipulada-visando-alavancar-temer/

http://www.causeur.fr/brexit-referendum-democratie-elites-quatremer-39130.html

http://www.liberation.fr/planete/2016/07/06/le-referendum-n-est-pas-le-climax-de-la-souverainete-populaire_1464528

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