1 – A última semana fica assinalada pela reabertura dos 20 tribunais que o bando extinguiu. A sua extinção foi um crime, que teve como alvo as populações, os funcionários judiciais e os advogados dos municípios mais remotos e pobres. Foi feito em nome do deus capital e de uma (in)justiça que proteje os mais poderosos e penaliza os mais frágeis.
São estes os tribunais que, agora, reabriram as suas portas: Sever do Vouga, Penela, Portel, Monchique, Meda, Fornos de Algodres, Bombarral, Cadaval, Castelo de Vide, Ferreira do Zêzere, Mação, Sines, Paredes de Coura, Boticas, Murça, Mesão Frio, Sabrosa, Armamar, Resende e Tabuaço.
Além de reactivar os 20 tribunais extintos, serão também alargadas as competências materiais das actuais secções de proximidade, de modo a que ali se realizem julgamentos.
“Mais importante do que tudo, esta reabertura é um sinal de que o Estado está mais próximo dos cidadãos e de que o Estado não abandonou as populações do Interior do país”, afirmou Fernando Queiroga, presidente da Câmara de Boticas, eleito pelo PSD, e cuja autarquia teve de gastar 150 mil euros em obras de beneficiação no edifício deixado ao abandono após a extinção decretada pelo bando.
Tal crime causou danos irreparáveis: houve pessoas que tiveram de fazer dezenas de quilómetros para solicitar um simples registo criminal ou para participar num julgamento; advogados que encerraram os seus escritórios por falta de clientes; e houve quem, pura e simplesmente, não exercesse um direito fundamental por falta de dinheiro para pagar os custos da deslocação.
O pequeno comércio local também sofreu com a extinção dos tribunais e muitas municípios acabaram por ser preteridos por empresas que não estiveram para se sujeitar à inexistência de um tribunal onde pudessem clamar por Justiça.
Resultado: o Interior do país tornou-se ainda mais desertificado e muitos foram aqueles que tiveram de emigrar. Foi uma nova diáspora que nos envergonhou enquanto nação, mas que não fez corar nenhum dos chefes do bando.
Este não foi o único crime cometido. Outros houve. Recordo, a título de exemplo:
– Encerramento à noite e ao fim de semana da esmagadora maioria dos Centro de Saúde;
– Cortes cegos no Ensino;
– Extinção de numerosos postos de correio, que impediu muitos idosos de receber os “vales” com as suas parcas reformas;
– Extermínio, pura e simples, de 1165 freguesias, que urge devolver às populações.
Importa não esquecer estes e outros crimes que foram cometidos por um bando ao serviço dos poderosos. Nacionais e internacionais. Ou seja: por aqueles que logo deram emprego a Portas e Relvas; e, por ora, mantém Passos à frente da caranguejola.
Eles, Passos, Portas e Relvas, foram os operacionais de um bando que transformou os cidadãos em “coisas” e destruiu milhares de famílias e empresas. A história não os absolverá.
Mesmo que o ex-doutor Relvas se tenha considerado o novo Mouzinho da Silveira e já se visse a ser homenageado com uma pintura a óleo na Sala dos Passos Perdidos da Assembleia da República e a sua triste figura impressa numa moeda de 1 cêntimo.
2 – Confirma-se aquilo que já se sabia, o vendedor Sérgio Monteiro apenas é bom em duas coisas: a garantir salários milionários – sacou ao Estado 300 mil euros – e a vender ao desbarato aquilo que os contribuintes pagam através dos seus impostos. Foi assim com a venda da TAP e dos transportes urbanos de Lisboa e Porto; é assim agora com a venda do Novo Banco.
Escolhido por Passos, Maria Luís e o governador do Banco de Portugal para ser o grande artíficie da venda, o antigo secretário do bando oferece uma proposta ruinosa que coloca em causa o futuro do banco. Tanto que até o insuspeito Ricciardi aponta a nacionalização como a melhor solução.
Sérgio escolheu o fundo norte-americano Lone Star, que oferece 750 milhões de euros por um banco onde todos nós injectamos €3900 milhões através do Fundo de Resolução. Acresce que este bando texano é especialista em comprar barato, retalhar e vender depressa.
Mas isso não interessa nada a Sérgio e aos seus protectores. Sobretudo a ele que, pela calada da noite, sacou todos estes meses quase tanto como o senhor Domingues da Caixa.